A sofisticada civilização de Tiwanaku desapareceu. A razão ainda é um mistério

LBM1948 / Wikipedia

Parede exterior da Kalasasaya, Tiwanaku

A civilização de Tiwanaku, localizada próxima do Lago Titicaca, na atual Bolívia, estendia a sua influência até ao Peru, Chile e Argentina, e é um dos legados mais fascinantes da América do Sul.

Tiwanaku, uma das civilizações mais complexas e sofisticadas da história,  dominou uma vasta extensão da América do Sul durante vários séculos.

Esta sociedade pré-hispânica, que se destacava pela sua complexidade e sofisticação, floresceu entre 400 e 900 d.C.

Misteriosamente, em menos de 200 anos, desapareceu — e a queda desta civilização pujante, conta a BBC, continua ainda hoje sem explicação.

Situada a quase 4.000 metros de altitude, a cidade de Tiwanaku era o coração espiritual e político desta civilização, caracterizada por monumentos impressionantes e uma organização social avançada.

A arquitetura de Tiwanaku era notável pela construção de pirâmides e estruturas monumentais feitas de pedras maciças, esculpidas com precisão, que desafiam a nossa compreensão sobre as técnicas que usavam na sua construção, uma vez que ainda não conheciam a roda.

“Temos muitos mistérios para resolver, como as razões do seu desaparecimento e a tecnologia que usaram para transportar pedras de mais de 140 toneladas, que foram retiradas de pedreiras a mais de 50 quilómetros da cidade”, explica à BBC o arqueólogo boliviano Luis Miguel Callisaya.

Entre as suas construções mais significativas encontra-se a pirâmide de Akapana, considerada a mais antiga das Américas, com um grande valor espiritual.

A cidade era um ponto de encontro multicultural, atraindo pessoas de diversas regiões e etnias, o que é evidenciado pela variedade de idiomas falados e pela riqueza das suas cerimónias e festivais.

A base económica de Tiwanaku estava ancorada na agricultura e no comércio. Os seus habitantes criaram sistemas de irrigação e drenagem avançados, com destaque para os chamados sukakollos, campos agrícolas, adaptados às condições climáticas adversas da região.

Estas inovações agrícolas sustentaram a sociedade e influenciaram civilizações posteriores, incluindo os Incas.

Com uma sociedade hierárquica e um  sistema político imperial clássico, Tiwanaku controlava recursos e produzia bens valiosos, como cerâmica e tecidos, além de compostos alucinogénios. Possivelmente, o idioma predominante seria uma forma ancestral do aimará.

Apesar da sua grandeza, Tiwanaku desapareceu misteriosamente, deixando inúmeras questões sem resposta sobre o seu colapso.

As teorias sobre o declínio de Tiwanaku incluem uma combinação de fatores, como crises ambientais marcadas por secas prolongadas, uma revolta dos camponeses contra a elite governante ou dispersão populacional devido à insustentabilidade do seu modelo político e económico.

Sabemos que não foi uma doença que dizimou a população. A razão poderá ter sido uma seca que afetou os sistemas agrícolas, ou os invasores que vieram do sul. Essa foi a narrativa registada por muitos historiadores espanhóis”, explica à BBC Charles Stanish, antropólogo da Universidade do Sul da Flórida..

O estudo das causas deste colapso tem paralelos com outras civilizações antigas, sugerindo que múltiplos fatores, incluindo mudanças climáticas, doenças e conflitos, que podem convergir para provocar o declínio de sociedades complexas.

Até agora, apenas cerca de 10% da cidade foi explorada — uma pequena fração da sua história. Mas os arqueólogos continuam a estudar o legado desta civilização ancestral, os seus fascinantes segredos, e as causas do seu misterioso desaparecimento.

ZAP //

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