A primeira Guerra conhecida na Europa foi na Península Ibérica

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Rick Schulting Et al.

Ossos encontrados em Espanha revelam que a Península Ibérica foi placo da primeira Guerra conhecida na Europa

A primeira guerra conhecida na Europa foi um conflito, no norte de Espanha. Descobertas arqueológicas sugerem que a Europa da Idade da Pedra foi palco de guerras, anteriores à formação de reinos e impérios, no Continente. Já naquela época havia divisões políticas e sociais, e disputa de terras.

Um estudo publicado esta quinta-feira, na Scientific Reports, revelou que a primeira Guerra na Europa, até então conhecida, foi na Península Ibérica, há mais de 3000 anos.

Restos humanos “maltratados” encontrados no norte de Espanha pertencem, segundo os arqueólogos, a uma classe guerreira, em vez de vítimas de massacres isolados.

O local arqueológico San Juan ante Portam Latinam, descoberto acidentalmente em 1985, revelou esqueletos e ossos isolados de homens predominantemente jovens, muitos dos quais exibiam ferimentos de armas brancas e traumas contundentes.

Local de conflitos contínuos

A datação dos ossos encontrados aponta para o período Neolítico Europeu, entre 3380 e 3000 a.C..

A análise revelou que 23% dos 338 indivíduos enterrados apresentavam lesões visíveis, sendo que as não cicatrizadas sugerem uma Guerra prolongada, com a maioria dos ferimentos a ser causada por um trauma contundente, implicando o uso de machados, clavas ou pedras lançadas.

“É uma escala grande demais para ser conflito dentro de uma comunidade”, explica o líder do estudo, Rick Schulting, da Universidade de Oxford (Reino Unido), citado pela New Scientis.

Além disso, a predominância de jovens do sexo masculino entre os restos mortais e a alta incidência de lesões, entre eles, reforçam a teoria da existência de uma classe guerreira com preponderância masculina – uma característica comum em muitas sociedades da época.

O que terá levado à Guerra?

As motivações por trás dos conflitos são incertas, mas Rick Schulting sugere que discrepâncias na caça e nos rituais entre comunidades vizinhas podem ser uma pista de divisões políticas e sociais.

Além disso, indicadores de má nutrição e saúde debilitada apontam para um período de stresse na região.

Esta investigação reforça a visão de que o Neolítico inicial foi um tempo marcado por conflitos significativos, provavelmente ligados ao aumento das desigualdades e mudanças na estrutura social.

De acordo com um estudo publicado em janeiro, na PNAS, na Europa Neolítica, a violência era endémica e frequentemente motivada pela competição por terras aráveis, levando por vezes à extinção de comunidades inteiras.

Miguel Esteves, ZAP //

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