Stefanos Kasselakis é o novo menino querido da imprensa grega, com um estatuto de celebridade forjado nas redes sociais. Mas quanta da sua imagem cuidadosamente construída é real?
As recentes eleições para a liderança do partido Syriza, na Grécia, ficaram marcadas não por discussões políticas, mas pela ascensão inesperada de Stefanos Kasselakis.
O ex-associado da Goldman Sachs, cuja campanha foi caracterizada por um uso astuto das redes sociais, capturou a atenção do país — muitas vezes de formas pouco convencionais, como entregar pizzas a jornalistas.
Com a sua aparência atraente e presença cativante online, Kasselakis tornou-se o favorito numa corrida até então sem brilho, sugerindo que podemos estar a assistir a uma mudança nas dinâmicas políticas europeias, onde a influência nos meios digitais pode influenciar significativamente a opinião pública.
A ascensão de Kasselakis na política grega foi meteórica. Começou com um vídeo viral, a 29 de agosto, onde partilhou a sua visão e história, apelando à jovem diáspora grega e aos que anseiam pelo sucesso que ele próprio representa.
Sem se deter em especificidades políticas, o novo líder do Syriza conseguiu criar empatia com o público, cansado das elites políticas tradicionais, que, explica a Wired, viam na sua nova persona um sinal de mudança.
O sucesso do ex-banqueiro no uso eficaz das redes sociais colocou-o ao nível dos influenciadores digitais, envolvendo os eleitores com uma abordagem que mistura política com entretenimento, contornando os caminhos típicos do discurso político.
Apesar da teatralidade das suas intervenções (ou talvez devido a elas), alguns levantam questões sobre a substância de Kasselakis e suas ligações com interesses estabelecidos no setor da navegação, que denotam uma campanha em que o estilo prevalece sobre a substância.
A novidade do seu engajamento político levanta em alguns setores preocupações sobre o futuro da política na era das redes sociais, onde a imagem pode às vezes eclipsar a ideologia.
Os seus críticos manifestam preocupações com uma tendência crescente onde o eleitorado pode privilegiar a personalidade e o valor de entretenimento sobre a compreensão aprofundada das questões políticas.
A capacidade de Kasselakis de controlar a narrativa através da comunicação direta nas redes sociais foi um fator-chave na sua popularidade.
Plataformas como TikTok e Instagram forneceram-lhe ferramentas para projetar autenticidade e ligar-se aos eleitores, mesmo que esta ligação se baseasse numa versão potencialmente ficcionalizada de si mesmo.
A sua estratégia é mais um reflexo da ascensão global do ‘politainment‘ — uma fusão da política com o entretenimento — apresentando desafios para a profundidade e qualidade do diálogo político futuro.
Apesar do seu triunfo nas redes sociais e de ter conquistado a liderança do partido com 56% dos votos, Kasselakis ainda não converteu a sua popularidade online em sucesso eleitoral mais amplo.
A ausência de ganhos substanciais nas eleições locais após sua vitória na liderança do partido sugere um possível desfasamento entre sua persona online e o seu impacto político no mundo real. Aparentemente, embora o ‘politainment‘ possa fascinar os eleitores, não garante necessariamente os seus votos.
Então o fakebook já não serve?