A música tem a capacidade de elevar o nosso espírito e alterar os nossos estados emocionais, de tal forma que está a ser cada vez mais utilizada como ferramenta terapêutica para aliviar o peso da depressão e da ansiedade. E o melhor remédio é…
Na verdade, toda a gente sabe que, num momento de fraqueza, ouvir algo como “À Minha Maneira” dos Xutos e Pontapés consegue sempre deixar-nos um poucos mais felizes e descontraídos.
A música é como um alimento para a alma, da mesma forma que uma refeição nos pode fazer sentir enriquecidos, outras podem ser um simples pontapé de alegria na nossa vida.
Algumas faixas são construídas a partir de um alimento mais “intelectual” enquanto outras são como um sundae de caramelo, cheias de açúcar e que faz o nosso cérebro viajar até outro lugar.
Em última análise, qualquer canção que tenha um ritmo bom e animador, uma letra otimista e uma fórmula de acordes fácil de ouvir, pode fazer-nos sentir significativamente mais felizes durante um momento.
O conteúdo da letra pode desempenhar um papel bastante relevante quanto à sua popularidade, mas para este estudo, são as qualidades rítmicas de uma canção que são o maior fator a ter em conta.
Segundo a Far Out, a música “fala” com uma parte do cérebro desenvolvida antes de utilizarmos verdadeiramente a linguagem. Isto levanta uma questão: qual é a canção mais feliz de todos os tempos?
Bem, um psicólogo musical da Universidade de Sheffield revelou exatamente isso. De acordo com Michael Bonshor, as canções mais felizes são todas em tons maiores e uma estrutura normal de verso-coro-verso-coro.
Isso pode dar a entender que, sendo o ser humano uma criatura simples, preferimos que a nossa música seja apresentada em padrões previsíveis e agradáveis. Será que as canções simples tornam-nos mais felizes?
Essa estrutura sónica é tão importante para a nossa apreciação de algo como o guia televisivo é para desfrutarmos de uma noite em frente à televisão. Mas a variedade é um tempero da vida e um dos fatores que contribui para isso. É o que faz com que uma canção seja agradável ao ponto de nos fazer sentir felizes.
Por isso, aquilo que leva as pessoas a sentir-se particularmente atraídas por uma canção é um elemento imprevisível, como uma mudança de tom: “Estudos anteriores revelaram que as canções são sentidas como felizes se estiverem num tom maior, com um ponto ideal de aproximadamente 137 batidas por minuto”, afirmou Bonshor.
“Além disso, as canções alegres têm normalmente uma batida forte de 1-2-1-2, para que se possa dançar com elas – e uma introdução curta significa que a canção começa logo com um estrondo, e não há um longo período de construção”, acrescentou.
Bonshor também disse que, compreensivelmente, as canções com volumes mais altos que fazem-nos sentir mais animados: “Gostamos de volume alto quando se trata de como as nossas canções felizes são feitas”.
Mas então, qual é a canção mais feliz de sempre?
De acordo com o trabalho de Bonshor, ‘Good Vibrations’ de The Beach Boys é o melhor exemplo e, em última análise, a canção mais feliz de sempre. A faixa escrita por Brian Wilson é um momento de alegria.
A canção segue a fórmula exata revelada, preenchendo todos os requisitos que constituem uma canção feliz. Faz sentido, tendo em conta que a canção foi escrita inteiramente à volta do conceito de sentimentos positivos, nomeadamente as vibrações que se podem captar de outra pessoa e a sua importância.
Outras canções que seguem este padrão e são também das canções mais felizes de todos os tempos incluem ‘I Got You (I Feel Good)’ de James Brown, juntamente com ‘House Of Fun’, dos Madness; ‘Waterloo’ dos Abba; ‘Uptown Girl’ de Billy Joel, e ‘Sun Is Shining’ de Bob Marley.
Curiosamente, do outro lado da moeda, a canção mais triste de todos os tempos, segundo a ciência, é o êxito dos Nirvana “Something In The Way” — o que faz sentido, uma vez que Kurt Cobain estava a explorar os seus próprios sentimentos de isolamento na canção e a associá-los a um ritmo delicado e a um arranjo musical profundamente intenso.
Segue-se o hino dos Pearl Jam ao amor não correspondido, “Black”, de 1991, juntamente com ‘Nutshell’ dos Alice in Chains e o tributo de Eric Clapton ao seu filho, “Tears In Heaven”.
“De todos os tempos…” nos EUA, obviamente. Nitidamente não conhecem a música pimba, nem o “Será” do Pedro Abrunhosa, ou o “Ne me quittes pas”…