A misteriosa morte de um astrofísico australiano. O primeiro homicídio no Polo Sul?

D. A. Harper

Rodney Marks com o telescópio SPIREX, em 1998.

A morte de um astrofísico australiano, na Antártida, em 2000, continua a aguçar a curiosidade das autoridades. Terá sido este o primeiro homicídio no Polo Sul?

Rodney David Marks foi um astrofísico australiano que trabalhou na Estação Polo Sul Amundsen-Scott, na Antártida. Marks chegou à Antártida em novembro de 1999, como parte de uma equipa que levava a cabo investigações sobre a radiação cósmica.

Em maio de 2000, adoeceu com uma condição médica grave que exigia tratamento urgente. Devido às condições climatéricas extremas na estação e às instalações médicas limitadas disponíveis, Marks não pôde receber os cuidados médicos de que precisava e morreu tragicamente antes de ser evacuado e tratado.

A Estação Amundsen-Scott, localizada a uma altitude de 2.835 metros acima do nível do mar, é um dos lugares mais isolados e inóspitos da Terra. As temperaturas podem cair até -60°C e a estação fica isolada do mundo exterior durante a maior parte do ano devido ao frio antártico.

Em maio de 2000, Marks começou a sentir dores de estômago e outros sintomas, que pioraram progressivamente. A equipa médica da estação inicialmente suspeitou que tinha uma pedra nos rins e tratou-o de acordo com esse diagnóstico.

No entanto, a condição do australiano continuou a piorar e ele ficou gravemente doente. Logo ficou claro que precisava de tratamento médico urgente que estava além da capacidade das instalações médicas disponíveis na estação.

A condição de Marks continuou a piorar e ele acabou por entrar em coma. No dia 12 de maio de 2000, morreu aos 32 anos.

Inicialmente, a Estação Polo Sul Amundsen-Scott emitiu um comunicado, citado pelo site Grunge, em que dizia que Marks “aparentemente tinha morrido de causas naturais”.

Metanol no sangue

Como era inverno na Antártida, o corpo do astrofísico teve de esperar cinco meses até ser transportado para uma autópsia, na Nova Zelândia. Eventualmente, os resultados revelaram que Marks tinha níveis tóxicos de metanol no sangue.

O cientista usava um solvente, que continha metanol, para limpar os telescópios com que trabalhava. No entanto, isso não explica como é que o metanol foi parar ao seu sangue. O patologista que autopsiou o corpo disse que era “praticamente certo que foi ingerido”.

O detetive Grant Wormald, que conduziu a investigação sobre a morte de Rodney Marks, disse que o assassinato não podia ser confirmado ou descartado com base nas evidências disponíveis.

“O bom senso dizia-nos que havia apenas quatro possibilidades de como Rodney ingeriu o metanol. Um, que ele bebeu voluntariamente e conscientemente com a intenção de ficar drogado; dois, que ele tomou-o para acabar com a sua vida; três, que ele ingeriu acidentalmente; e, finalmente, que alguém o pôs na sua bebida, possivelmente como uma brincadeira ou mesmo sabendo que isso o deixaria muito doente ou o mataria”, disse o detetive, citado pelo Grunge.

Embora Wormald tenha solicitado testes forenses aos pertences de Marks, a Estação Polo Sul Amundsen-Scott parecia não querer cooperar. Eventualmente explicou que isso violaria o seu padrão de privacidade.

Os seus colegas na estação também não se mostraram recetivos a cooperar com a investigação. As autoridades enviaram um questionário às 49 pessoas que estavam com Marks quando ele morreu, mas só 13 pessoas responderam.

Harry Mahar, que era o oficial de saúde e segurança, revelou que a Estação Amundsen-Scott tinha investigado se alguma garrafa na estação estava com o rótulo incorreto, mas os resultados não foram divulgados.

Embora existam inúmeras teorias, nunca houve uma resposta definitiva sobre o que aconteceu com Rodney Marks. Terá este sido o primeiro homicídio de sempre no Polo Sul?

Daniel Costa, ZAP //

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