Uma equipa de investigadores encontrou aquela que é considerada a mais antiga família de neandertais de sempre, na caverna Chagyrskaya, na Rússia.
Naquela pequena comunidade de 20 pessoas, há 54 mil anos, existia uma família composta por um pai, uma filha adolescente, um jovem que poderia ser sobrinho ou primo da família e uma outra familiar em segundo grau — possivelmente uma tia ou avó.
A CNN explica que, provavelmente, a jovem ter-se-á afastado da família quando encontrou um companheiro. Não foi uma mudança drástica. A comunidade para onde migrou teria rostos familiares.
Estas são páginas do livro de histórias da mais antiga família neandertal conhecida até hoje. Resultam de uma análise de ADN de 11 antigos moradores da caverna Chagyrskaya, assim como outros dois da vizinha caverna Okladnikov.
Não só é o grupo familiar mais antigo de sempre, como é e a primeira vez que os cientistas conseguiram documentar diretamente a estrutura de uma família e comunidade neandertal.
“O facto de terem vivido ao mesmo tempo é muito emocionante. Isto significa que eles provavelmente vieram da mesma comunidade social. Por isso, pela primeira vez, podemos usar a genética para estudar a organização social de uma comunidade neandertal”, disse o coautor do estudo Laurits Skov, em comunicado.
A família provavelmente morreu junta, estimam os cientistas, possivelmente de fome. Os resultados do estudo foram publicados esta quarta-feira na conceituada revista Nature.
Entre os autores está o cientista sueco Svante Pääbo, que foi distinguido com o Prémio Nobel da Medicina pelas “suas descobertas sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana”.
“Eu não teria pensado que seríamos capazes de detetar um pai e uma filha a partir de fragmentos ósseos, ou ADN neandertal em sedimentos de cavernas, ou qualquer outra coisa que agora está a tornar-se quase rotineira”, disse o Pääbo, citado pelo The New York Times. “Tem sido uma viagem incrível”.
Os cientistas desenterraram na caverna Chagyrskaya fragmentos de ossos e dentes neandertais. Os investigadores também encontraram 90 mil ferramentas de pedra, juntamente com ossos de bisão.
A comunidade tinha uma diversidade genética extremamente baixa – muito menor do que qualquer outra registada em qualquer comunidade humana antiga ou atual, escreveram os autores no artigo científico.
As cavernas Chagyrskaya e Okladnikov ficam a 100 quilómetros da Caverna Denisova – um dos locais mais importantes no estudo da evolução humana. Esse local foi ocupado por neandertais, pelos primeiros humanos modernos e denisovanos.