Os cientistas descobriram um mineral nas rochas lunares que sugere que havia mais água na crosta lunar do que se pensava. Será, então, a Lua mais húmida do que o que pensávamos?
O mineral descoberto pelos cientistas é a apatite — o fosfato mais comum — que também se encontra nos nossos ossos e dentes.
De acordo o IFL Science, este mineral contém elementos voláteis na sua estrutura e tende a formar-se na presença de água.
Grande parte da nossa compreensão da geologia da Lua provém das rochas recolhidas pela missão Apollo. Estas amostras representam apenas uma pequena fração da geologia da Lua, que sugerem que esta é seca e sem voláteis.
Os meteoritos provenientes do satélite terrestre forneceram uma visão diferente, assim como a reanálise da amostra da Apollo.
Tara Hayden, autora principal do estudo, publicado na Nature Astronomy, descobriu que o meteorito Arabian Peninsula 007 (descoberto na Arábia Saudita em 2015) era proveniente da Lua. Uma análise mostrou de onde veio e que continha minerais intrigantes.
“Tive muita sorte pelo facto de o meteorito não só ter vindo da Lua, mas também, e de forma notável, conter uma química tão vital para a nossa compreensão dos minerais lunares que contêm água”, afirmou Hayden.
“Os meteoritos lunares estão a revelar novas e excitantes partes da evolução da Lua e a expandir o nosso conhecimento para além das amostras recolhidas durante as missões Apollo. À medida que a nova fase da exploração lunar começa, estou ansiosa por ver o que vamos aprender com o lado mais distante da Lua”, acrescenta.
Este meteorito é um pedaço de crosta lunar que se partiu na sequência de um impacto ocorrido há cerca de 4,5 mil milhões de anos — logo após a formação da Lua.
Contudo, não se sabe ao certo que tipo de elementos existiam no início e há muitas peças em falta no puzzle do período seguinte.
“A descoberta de apatite na crosta primitiva da Lua pela primeira vez é incrivelmente excitante, pois podemos finalmente começar a juntar as peças desta fase desconhecida da história lunar. Descobrimos que a crosta primitiva da Lua era mais rica em água do que esperávamos e que os seus isótopos estáveis voláteis revelam uma história ainda mais complexa do que sabíamos antes”, disse Hayden.
Espera-se que com o regresso à Lua, em 2026, com a Artemis III, seja possível recolher mais material lunar, de modo a adquirir novos conhecimentos sobre a história geológica da Lua.
“Sabemos mais sobre a história da água na Lua a partir das amostras da Apollo, mas pensa-se que essas amostras representam apenas cerca de 5% de toda a superfície da Lua”, disse Hayden.
“Até recebermos mais amostras nas próximas missões Artemis, as únicas outras amostras da superfície que temos são meteoritos”, concluiu.