A inteligência artificial (IA) veio revolucionar não só a tecnologia, como também a forma como vivemos. A introdução destes sistemas, diretamente, nas nossas vidas pode ter implicações até na nossa identidade.
A AI Morality, a ser publicada pela Oxford University Press, é uma obra da autoria de David Edmonds que aborda as complexas interseções entre inteligência artificial (IA), a moral, a ética e a filosofia.
Através de uma série de ensaios de uma “task force filosófica”, o livro explora como a IA está a remodelar vários aspetos da sociedade – incluindo saúde, direito, defesa, trabalho, política, etc. – e a influenciar a nossa identidade.
A Live Science destaca o ensaio escrito por Muriel Leuenberger, investigadora na Universidade de Zurique, que se intitula-se Should You Let AI Tell You Who You Are and What You Should Do?. Traduzindo: Deve deixar que a IA lhe diga quem é e o que deve fazer?
Essa parte do livro discute como os algoritmos que controlam as plataformas digitais influenciam profundamente o nosso autoconhecimento e decisões diárias.
A investigadora questiona se podemos ou devemos confiar nesses sistemas para tomar decisões que definem quem somos e o que fazemos, apontando para a vasta quantidade de dados pessoais que acumulam e analisam para prever comportamentos e preferências.
Leuenberger alerta para os perigos de uma confiança cega na IA, destacando casos em que os sistemas de IA reproduziram preconceitos raciais e sexistas devido aos dados com que foram treinados.
Além das preocupações com a confiança e sob um ponto de vista mais filosófico, Muriel Leuenberger aborda a ideia existencialista de que a identidade não é algo puramente descoberto, mas ativamente criado.
Embora a IA possa oferecer-nos insights úteis, cabe a cada um de nós decidir a forma como esses dados influenciam a nossas ações.
Seguir cegamente as recomendações da IA pode levar à perda de livre arbítrio e da responsabilidade de fazer a própria vida.