A fusão de icebergues pode dizimar os ecossistemas marinhos

MODIS from NASA

Uma imagem de satélite do icebergue A-68A em 2021 mostra-o a dirigir-se para a Geórgia do Sul

Uma equipa de cientistas revelou como os ecossistemas oceânicos podem ser afetados se houver mais icebergues a derreter com as temperaturas mais quentes.

Os icebergues gigantes são um dos principais meios de transporte de água doce das plataformas de gelo para os mares mais quentes, uma vez que nascem, viajam pelo oceano e acabam por derreter e colapsar.

Em 2017, o mega icebergue A-68A separou-se da plataforma de Larsen, na Antártica.

Os cientistas seguiram o icebergue na sua viagem de 4000 km até chegar à ilha subantárctica da Geórgia do Sul, onde se partiu e derreteu durante um período de três meses, entre o final de 2020 e fevereiro de 2021.

Num novo estudo, publicado na Progress in Oceanography, os investigadores desviaram um navio que já se encontrava na zona para registar a forma como a fusão do icebergue estava a contribuir para o oceano e o ecossistema da Geórgia do Sul.

Além disso, segundo o Phys.org, ao longo de quatro dias os autores do estudo recolheram medições físicas, químicas e biológicas.

A equipa descobriu que, à medida que o A-68A derretia, a camada de água no oceano era restaurada, com a água de fusão à superfície a forçar a descida das camadas subjacentes.

Este acontecimento empurrou para baixo o material e o fitoplâncton, redistribuindo os nutrientes e micronutrientes na água. O fitoplâncton que se encontrava na massa congelada também foi encontrado na água ao redor dos icebergues.

“O A-68A era um icebergue enorme em comparação com a maioria e, invulgarmente, não se partiu durante a viagem”, explica o primeiro autor do estudo, Geraint Tarling.

“Estávamos preocupados com a forma como iria afetar a vida selvagem local, como as aves nidificantes e as focas que tentavam desmamar as suas crias”, acrescenta o investigador.

Através destes resultados, os cientistas esperam que, ao compreender o que aconteceu a este icebergue, seja possível entender melhor os efeitos e a frequência com que os mesmos ocorrem.

“O nosso estudo fornece uma base de referência sobre a forma como os icebergues podem afetar os sistemas marinhos e permite-nos separar o seu impacto de outras influências oceanográficas, como as correntes de superfície e a mistura dos oceanos“, conclui a coautora do estudo, Sally Thorpe.

Soraia Ferreira, ZAP //

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