A culpa não é sua. O livre arbítrio não existe

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Linda A. Cicero / Stanford News Service

O neurocientista Robert Sapolsky, autor de “Determined: A Science of Life Without Free Will”

É difícil libertarmo-nos da ideia de que que o livre arbítrio existe. Mas no seu novo livro, o conceituado neurocientista Robert Sapolsky defende que o livre arbítrio é uma ilusão.

Conhecido pelos seus estudos sobre o efeito do stress em babuínos, o conceituado neurocientista Robert Sapolsky argumenta que as nossas ações são determinadas por fatores que estão para além do nosso controlo, como a biologia e o ambiente.

No seu livro mais recente, “Determined: A Science of Life Without Free Will” (Determinado: uma ciência da vida sem livre arbítrio), Sapolsky apresenta um conjunto de argumentos que contrariam a crença popular no livre arbítrio.

Segundo o professor de 66 anos da Universidade de Stanford, nos EUA, somos “máquinas biológicas” cujas ações são o resultado de uma complexa interação entre genes, hormonas, educação e circunstâncias de vida.

Esta afirmação levanta questões éticas delicadas, nomeadamente em relação à culpabilidade em casos de ações prejudiciais. No mais recente podcast CultureLab da New Scientist, Sapolsky sugere que, se não temos controlo real sobre as nossas ações, não podemos ser considerados culpados por elas.

Este ponto de vista é especialmente controverso e tem gerado amplo debate na comunidade científica e pública. A perspectiva de Sapolsky, contudo, vai para além da mera provocação intelectual.

Segundo Sapolsky, reconhecer a nossa falta de controle pode conduzir a uma maior empatia e compreensão nas relações humanas. No entanto, nem todos os especialistas concordam com o professor de Stanford.

Alguns críticos argumentam que esta visão poderia criar “monstros morais”, mas Sapolsky insiste que a aceitação da nossa falta de liberdade poderia na realidade fomentar o perdão e a compreensão mútua.

Peter U. Tse, neurocientista do Dartmouth College, considera que Sapolsky é um cientista “brilhante”, mas que está “completamente errado”, e contrapõe que visões determinísticas podem contribuir para o sofrimento psicológico.

Apesar da controvérsia das suas posições, Sapolsky acredita que esta visão pode ser “libertadora” para pessoas que carregam um fardo de culpa e sem castigam por circunstâncias que estão além do seu controle.

O objetivo último do neurocientista é promover a felicidade, mesmo desafiando uma das crenças mais enraizadas da humanidade — objetivo esse que, paradoxalmente, poderá não ter sido capaz de ter decidido livremente perseguir.

ZAP //

2 Comments

  1. MAis um que se converteu para o islão. Em que diz que tudo está pre destinado. Olha lá também diz que o sol tem 6 km, terra plana e o sol vai todos dias dormir num rio…

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