À atenção das novas mamãs que fumam erva: o THC vem no leite materno (e pode deixar o bebé “mocado”)

Principal composto psicoativo da canábis foi encontrado mesmo depois de as mães estudadas não terem consumido durante 12 horas. “Não sabemos se isso tem algum efeito no desenvolvimento do bebé”, avisa a líder do projeto.

O THC, principal composto psicoativo presente na canábis, foi detetado no leite materno mesmo depois de as mães se terem abstido da planta durante 12 horas, verificou um estudo recente realizado por investigadores da Universidade de Washington.

A equipa analisou amostras de leite de 20 mães que amamentam, todas elas com bebés com menos de seis meses e que forneceram relatos detalhados sobre o seu consumo de canábis. As mães recolheram as suas amostras de leite em vários intervalos, começando pelo menos 12 horas após o último consumo da planta.

A análise confirmou que os níveis de THC no leite eram baixos, e estimou-se que os bebés consumiam cerca de 0,07 mg por dia — uma dose muito mais baixa em comparação com um típico comestível de baixa dosagem, que contém 2mg de THC.

No entanto, as implicações desta ingestão nos bebés ainda não são conhecidas.

“Os pais que amamentam devem estar cientes de que, se consumirem canábis, é provável que os seus filhos estejam a consumir canabinoides através do leite que produzem, e não sabemos se isso tem algum efeito no desenvolvimento do bebé“, sublinha Courtney Meehan, antropóloga biológica e líder do projeto.

O estudo, publicado na revista Breastfeeding Medicine a 2 de maio,  também observou uma variabilidade na concentração de THC entre os participantes, tendo sido observados diferentes picos de concentração consoante a frequência do consumo de canábis.

“O leite humano tem compostos chamados lípidos e os canabinoides são lipofílicos, o que significa que se dissolvem nesses lípidos. Isto pode significar que os canabinóides como o THC tendem a acumular-se no leite — e potencialmente nos bebés que o bebem”, acrescenta Meehan.

Outra faceta da investigação, qualitativa, indicou que muitas mães que amamentam consomem canábis por razões terapêuticas, nomeadamente para gestão da ansiedade, problemas de saúde mental ou dores crónicas. Preferem fumar em vez de ingerir outros medicamentos, devido à perceção de segurança.

No entanto, ainda não existem provas concretas que confirmem se a canábis é mais segura ou mais prejudicial em comparação com outros medicamentos para as mães que amamentam.

Os resultados revelam uma lacuna significativa na compreensão científica e nas diretrizes clínicas dadas às mães que amamentam e consomem marijuana. Ao contrário do álcool, para o qual as diretrizes sugerem que se espere pelo menos duas horas antes de amamentar após o consumo, não existem diretrizes semelhantes para o consumo de canábis — cuja popularidade está a aumentar não só entre as novas mães, mas entre a população geral.

“Esta é uma área que precisa de investigação substancial e rigorosa para que as mães saibam o que é melhor”, salienta a coautora do estudo Shelley McGuire, que estuda a nutrição materno-infantil.

ZAP //

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