A água pode ser transformada num superácido que produz diamantes

Greg Stewart / SLAC National Accelerator Laboratory

Impressão artística da formação da chuva de diamantes.

Em condições de calor e pressão extremamente elevadas, a água poder-se-á transformar num superácido que produz diamantes. Isto pode explicar como é que planetas como Urano e Neptuno têm chuvas destes cristais de carbono.

Um novo estudo publicado na semana passada no arXiv revelou que a água pode transformar-se num fluido superácido sob condições extremas de calor e pressão.

Como explicaram os investigadores à New Scientist, estas condições propicias à formação de diamantes só se encontram no interior da Terra e em planetas gelados como Urano e Neptuno.

“Sob pressões e temperaturas imensas, a água exibe uma propriedade notável – transforma-se num ácido excecionalmente potente, também conhecido como ‘superácido’, que pode ser milhares de milhões ou mesmo triliões de vezes mais forte do que o ácido sulfúrico”, disse Flavio Siro Brigiano, da Universidade de Sorbonne, em França, que foi um dos autores do estudo.

Esta transformação em superácido parece ocorrer a temperaturas entre 1727°C e 2727°C e a pressões intensas de 22 a 69 gigapascal. Para comparação, 2727°C é a temperatura das manchas solares na superfície do Sol e 50 gigapascals corresponderiam a ter 100 elefantes na ponta do dedo.

A grande conclusão deste estudo é que, nas mesmas condições extremas, a água superácida pode transformar moléculas de hidrocarbonetos, como o metano, em estruturas semelhantes a diamantes.

Este aspeto da química da água pode comprovar investigações anteriores que sugerem que os planetas gigantes gelados – Úrano e Neptuno – têm chuva de diamantes.

Além disso, a água superácida pode também inspirar futuros processos laboratoriais para a criação de diamantes ou mesmo substituir os superácidos tradicionais em processos industriais como a refinação de petróleo.

Segundo disse, à New Scientist, Arthur France-Lanord do Centro Nacional Francês de Investigação Científica, que fez parte da investigação, o próximo grande passo será recolher provas experimentais diretas da química superácida da água.

A equipa está já a explorar formas de o fazer em laboratório – mas a pressões e temperaturas mais baixas.

Miguel Esteves, ZAP //

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