Belmiro de Azevedo e o filho chamados a testemunhar no caso Sócrates

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Estela Silva / Lusa

Belmiro de Azevedo, ex-Presidente da Sonae, (dir.) com o seu filho, o actual presidente da empresa, Paulo Azevedo (esq.)

Belmiro de Azevedo e o filho, Paulo Azevedo, foram chamados como testemunhas na investigação da Operação Marquês para explicar o falhanço da OPA lançada pela SONAE à PT.

De acordo com informações apuradas pelo Diário de Notícias, a investigação da Operação Marquês terá suspeitado da OPA lançada pela SONAE à PT, em fevereiro de 2006, e já chamou para testemunhar Paulo Azevedo, presidente da Sonae SGPS, e o seu pai, Belmiro de Azevedo, o qual alegou motivos pessoais para não comparecer.

A suspeita sobre o negócio, que acabou por falhar, surgiu no mês de setembro, depois da detenção de Armando Vara, antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos que, em 2006, integrou o conselho de administração da PT.

Segundo informação do inspetor tributário Paulo Silva, a posição da CGD foi crucial para o insucesso da operação, tanto que, em 2009, Belmiro de Azevedo declarou numa entrevista que o governo de José Sócrates “deu instruções” para que a Caixa Geral de Depósitos rejeitasse a OPA da Sonae sobre a PT.

O braço-direito do procurador Rosário Teixeira considerou assim “relevantes para os presentes autos” e quer “determinar as razões do desfecho verificado”.

Estes desenvolvimentos acontecem um dia depois de o mesmo jornal ter avançado que a investigação também emitiu dois mandados de captura contra Hélder Bataglia, empresário e um dos sócios do empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve.

Os dois mandados, um internacional e um europeu, foram emitidos em agosto deste ano e solicitam a detenção provisória e a consequente extradição do empresário para Portugal.

Porém, como o suspeito tem nacionalidade angolana, caso se encontre neste país, não é possível extraditá-lo porque a Constituição angolana proíbe a “expulsão e extradição de cidadãos angolanos do território nacional” e ainda que só os tribunais angolanos podem, eventualmente, julgar cidadãos nacionais acusados noutros países.

Hélder Bataglia é suspeito de ter transferido vários milhões de euros para uma conta de Carlos Santos Silva, amigo de longa data de Sócrates e também arguido na Operação Marquês, cujo destino seria o ex-primeiro-ministro.

O dinheiro poderá estar relacionado com a aprovação, no ano de 2007, do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve, algo que a defesa de Sócrates já contestou.

O ex-primeiro-ministro, suspeito de corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais, conseguiu a alteração das medidas de coação na semana passada, estando agora com termo de identidade e residência.

ZAP

12 Comments

  1. este processo em questões de segredo de justiça mais parece um bicho de cem cabeças, cortam-lhe uma nascem sem se saber donde outras dez. é só lançar bocas prá confusão. desbloquearam o segredo de injustiça logo começam a girar novos insegredos que tal como antigos não devem estar no processo. o mistério público deveria chamar-se o inMistério dos IN.

  2. Reserva moral do socialismo democrático – Sagado Zenha.
    Poderes inconfessáveis…
    Nos tempos da fundação das relações internacionais, Carlluci, Murdoch, Emaudio, fax Macau, bancos de regime, empresas de regime, boys, “filhos e enteados”, vidas faustosas financiadas, PPPês vs poder da lei e seus interpretes… Alguns persistentemente ainda remam contra feição de ventos por não se enfunarem as velas da justiça, na hora de um atentado ético e moral à democracia.

    • Tudo isto teve um inicio que propositadamente esqueces as famosas notas do sá corneiro. desde aí tem valido tudo, bancos prá populaça pagar (isso é que foi e continua a ser viver á grande e á francesa) até aos boys de última hora do moço que chegou de mota e logo passou a andar de mercedes bem como os outros que muito falaram na 2ª classe mas para viajar á conta preferem a 1ª que ainda não sabemos quanto nos vai custar com a privatização da tap.

  3. Porquê e porque não denunciaram?
    Os poderes absolutistas tendem a expedientes calculados sustentados em rede para não caírem… Os ingredientes são perecíveis e depois dos estragos causados quando os ratos começam a abandonar o barco, o que resta é putrefacção, incha, perde consistência e cai por terra… Bancos de regime, empresas de regime, políticas de besuntar regimes…
    …E era uma SA ?!?
    Que o Testemunho contribua para acabar com certa descarada impunidade… e “futeboladas”

  4. Antes, a partir de um crime procurava-se um culpado.
    Agora investiga-se e devassa-se a vida das pessoas para ver se se lhe descobrem crimes.
    Retirado o “segredo de justiça” conclui-se aquilo que a nossa “melhor” imprensa alegremente já noticiava:
    – Que J. S, comprou fatos caros cuecas de marca, pagou férias caras, pagou escola aos filhos e outras coisas idênticas, que o dinheiro do amigo, será dele (?).
    Mas afinal quando é que acaba esta devassa?
    E quando é que teremos uma imprensa que fale abertamente e sem medo do caricato, do absurdo da forma que esta justiça tem de gerir estes processos?

    • Vozes de casta de Vestal! Qualquer samaritana(o) de Sicar que “beber daquela água tornará a ter sede…” Tesos em “outras vidas faustosas financiadas”…

    • Por esta nova ordem da justiça, não há politico, neste país, (salvo raras excepções), que não devesse ser investigado. Motivos não faltam.
      Os portugueses têm direito a saber tudo de todos!

  5. Por alguma razão nunca se viu um politico ou alguém ligado a politica ser preso efectivamente com condenação por corrupção ,para isso acontecer teriam de ir para cima de 100 atrás devido as consequências que qualquer desvio tem e que passa por várias mãos até poder ser concretizado.
    Será que estou errado ?

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