O procedimento foi aprovado na Grã-Bretanha pela Health Research Authority, podendo agora os médicos realizar os dez primeiros transplantes de útero de doadoras com morte cerebral.
A primeira fase passa por realizar uma série de testes clínicos que, se forem bem sucedidos, garantem que o processo possa começar ainda este ano, avança a BBC.
Mais de 300 mulheres britânicas procuraram a equipa para receber o transplante mas apenas 100 foram identificadas como potenciais candidatas, uma vez que preenchem requisitos como ter um peso saudável, idade não superior a 38 anos e um companheiro de longa data.
Sem esta opção, a maioria das mulheres que quer ter filhos acaba por recorrer a barrigas de aluguer ou à adoção.
Por isso, Richard Smith, médico do hospital Queen Charlotte’s and Chelsea que trabalha há 19 anos no projeto, acredita que este é um avanço que pode mudar a vida de muitas pessoas.
“Existem muitas mulheres com o desejo de ter um filho. Este procedimento tem potencial para conseguir satisfazer essa vontade”, afirma à BBC.
“Durante anos tive muitos problemas com este projeto. Mas quando se conhecem mulheres que nasceram sem útero, ou que tiveram de o retirar por alguma razão, é penoso e foi isso que nos fez continuar”, acrescentou.
A operação, que dura cerca de seis horas, realiza o transplante do útero proveniente de uma doadora que está em morte cerebral e cujo coração se mantém em funcionamento.
A saúde das mulheres que receberam o útero será monitorizada detalhadamente durante um ano, para depois se passar à implantação de um embrião através da fertilização in vitro.
Quando o útero deixar de ser necessário, pode ser removido a partir de uma cirurgia para evitar que as pacientes tenham de tomar imunossupressores para o resto da vida.
Outras equipas médicas tinham já tentado realizar transplantes de útero como, por exemplo, na Arábia Saudita, caso no qual o corpo da paciente não reagiu bem ao órgão e teve de ser retirado pouco tempo depois.
O primeiro caso de sucesso deste tipo de transplante ocorreu o ano passado, na Suécia, quando uma paciente deu à luz depois de ter recebido o útero de uma amiga que estava já na menopausa.
Desde então, outros três bebés já nasceram no país nórdico graças a transplantes de útero, no entanto, sempre a partir de doadoras vivas.
Se os testes dos profissionais ingleses forem bem sucedidos, o primeiro bebé britânico nascido a partir de um útero transplantado poderá nascer no final de 2017 ou no início de 2018.
ZAP / BBC