Afinal, a caravela-portuguesa é um grupo de 4 espécies diferentes

A equipa conseguiu relacionar linhagens genómicas graças a imagens partilhadas por civis. Afinal, há 4 ou mais espécies de caravela-portuguesa.

A caravela-portuguesa foi durante muito tempo considerada uma única espécie amplamente distribuída que circula livremente pelos oceanos.

No entanto, um novo estudo publicado na Current Biology acaba de perceber que, afinal, existe biodiversidade. A descoberta foi feita ao sequenciar os genomas de 151 espécimes de Physalia provenientes de várias partes do mundo.

Ao contrário do que pensávamos, a caravela-portuguesa é um grupo de, pelo menos, quatro espécies distintas, cada uma com morfologia, genética e distribuição próprias.

“Ficámos chocados, porque sempre assumimos que pertenciam todos à mesma espécie”, afirmou a investigadora Kylie Pitt, da Universidade Griffit, à Phys.

“Mas os dados genéticos mostram claramente que não só são diferentes, como nem sequer se cruzam entre si, mesmo quando partilham as mesmas áreas. A caravela-portuguesa está especialmente adaptada a viagens de longa distância, utilizando a sua bolsa cheia de gás e a crista muscular para apanhar o vento e navegar à superfície do mar”.

E houve mesmo quem entrasse no estudo sem ser um especialista. A equipa conseguiu relacionar linhagens genómicas com quatro formas físicas distintas identificadas a partir de milhares de imagens submetidas por cidadãos através da plataforma iNaturalist.org.

“Há esta ideia de que os oceanos abertos estão todos interligados e que existe apenas uma espécie de caravela-portuguesa distribuída globalmente porque deriva ao sabor do vento e das correntes”, disse a Professora Pitt. “Mas isso está completamente errado. E o mais interessante, na costa leste da Austrália, é que temos várias espécies que evoluíram apesar de poderem coexistir.

“Então, porque é que se desenvolveram como espécies separadas, quando à partida se pensaria que estariam todas no mesmo ambiente, a misturar-se? Que pressões seletivas levaram à diferenciação destas espécies?”

Só futuras investigações dirão, comentam os cientistas. E já há previsões de novidades: a UNSW quer agora desenvolver um método de previsão para prevenir picadas de caravelas-portuguesas.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.