Os Prémios IgNobel – que nos fazem “rir primeiro e pensar depois” – foram entregues esta quinta-feira à noite, Teatro Sanders da Universidade de Harvard, em Cambridge (EUA).
A 25ª edição dos IgNobel premiou as descobertas mais estranhas do ano, com trabalhos oriundos de 24 países de cinco continentes, muitos dos quais publicados em prestigiadas revistas internacionais, tais como a Proceedings of the National Academy of Science (PNAS) ou a PLoS ONE. Entre os galardoados estão estudos sobre como “descozer” um ovo, o impacto biomédico de beijos intensos, o tempo que os mamíferos precisam para esvaziar a bexiga ou o que acontece a uma galinha que tenta andar com um pau amarrado ao rabo.
Na 25ª edição dos IgNobel, que são entregues desde 1991 pela revista Annals of Improbable Research – os Anuários da Investigação Improvável -, as categorias científicas premiadas (que variam de ano para ano) foram dez: Química, Física, Literatura, Gestão, Economia, Medicina, Matemática, Biologia, Diagnóstico Médico e Fisiologia/Entomologia.
Os prémios soam a brincadeira, mas a verdade é que podem ser um bom prenúncio: o holandês Andre Geim, que venceu um Ig Nobel em 2000, foi laureado com o Nobel da Física em 2010.
O IgNobel da Química foi para um grupo de investigadores australianos e norte-americanos que inventou uma receita para descozer parcialmente um ovo, através de um aparelho que modifica as proteínas.
Já o prémio da Física foi entregue a cientistas dos EUA e de Taiwan que descobriram que a micção – o ato de expelir urina, voluntariamente ou não – não depende do tamanho corporal, recebendo o prémio “pelo teste do princípio biológico segundo o qual quase todos os mamíferos esvaziam a bexiga em 21 segundos, mais ou menos 13 segundos”.
Uma equipa internacional de linguistas recebeu o prémio IgNobel da Literatura por “descobrir que a palavra “huh?” (ou equivalentes) parece existir em todas as línguas humanas – e por não saber bem porquê”. Hã?
No campo da Gestão, os galardoados foram investigadores que mostraram que os CEO que sobrevivem a catástrofes naturais na infância – sismos e tsunamis, por exemplo – arriscam mais nos negócios. Já na Economia, o destaque foi para a Polícia de Banguecoque, na Tailândia, por decidir recompensar em dinheiro os polícias que recusassem subornos.
O IgNobel da Medicina foi atribuído a dois grupos de investigação diferentes, “pelas experiências para estudar os benefícios e consequências biomédicas de beijos intensos (e outras atividades íntimas interpessoais)”, nomeadamente nas alergias. O prémio da Matemática também se dedicou a atividades intensas: os cientistas demonstraram como foi possível ao sultão Mulai Ismail, que viveu no século XVII, ter 888 filhos entre 1697 e 1727. A resposta: o sultão teve de ter sexo uma ou duas vezes por dia, todos os dias, durante 32 anos.
O IgNobel da Biologia foi para investigadores chilenos que tentaram perceber como andavam os dinossauros ao observar como andam as galinhas quando se cola um pau no seu traseiro – e há mesmo um vídeo a mostrar como correu a experiência. A equipa “constatou que, quando têm um pau pesado amarrado ao rabo, as galinhas passam a caminhar como se pensa que caminhavam os dinossauros”.
O vencedor da categoria de Diagnóstico Médico foi para a equipa internacional que “determinou que a apendicite aguda pode ser diagnosticada com precisão pelo nível de dor demonstrado pelo paciente quando quando o carro em que segue passa por cima de lombas na estrada” – a maioria das pessoas sente uma dor na parte inferior do tronco.
Por fim, o IgNobel de Fisiologia e Entomologia. Enquanto no ano passado foram premiados investigadores que se mascararam de ursos, este ano a cerimónia galardoou cientistas que tentaram perceber em que parte do corpo humano uma picada de inseto dói mais ao deixar-se picar por abelhas em 25 zonas diferentes do corpo para criar o Schmidt Sting Pain Index.
Michael Smith e Justin Schmidt descreveram a dor de 78 tipos diferentes de picadas, das vespas às formigas, e concluíram que as partes menos dolorosas são o crânio, a ponta do dedo do meio do pé e o braço, enquanto as zonas mais dolorosas foram o pénis, a narina e o lábio superior.
ZAP