A advogada especializada em direitos humanos Amal Ramzi Clooney, mulher do ator George Clooney, esteve no Cairo no sábado, dia 29, a acompanhar uma sessão do julgamento do seu cliente Mohammed Fahmi.
O repórter e dois colegas (o australiano Peter Greste e o egípcio Baher Mohamed) do canal Al-Jazeera foram acusados de divulgar notícias falsas e trabalhar sem as autorizações necessárias em 2013.
O tribunal condenou a três anos de prisão efetiva os três profissionais. Ao proferir o veredito, o juiz Hassan Farid afirmou que os três homens “não eram jornalistas”, porque não estavam registados como tal junto das autoridades competentes.
Enquanto Fahmy e Mohamed foram presentes a tribunal, Greste foi julgado por contumácia, uma vez que foi deportado para a Austrália em fevereiro.
Entretanto, a Al-Jazeera repudiou a condenação, classificando-a de “escandalosa e repugnante” e de “um ataque à liberdade de imprensa”.
“Este veredito é um ataque deliberado contra a liberdade de imprensa”, afirmou o diretor executivo do canal de televisão do Qatar, Giles Trendle.
Os jornalistas, condenados a sete e dez anos de prisão num primeiro julgamento em 2014, foram acusados de terem apoiado, através da cobertura mediática, os Irmãos Muçulmanos, a irmandade do ex-presidente Mohamed Morsi, destituído pelo exército em 2013.
O Canadá exigiu entretanto a libertação “imediata e sem condições” de Mohamed Fahmy.
“O governo do Canadá continua a pedir ao governo egípcio para usar todos os meios à sua disposição para resolver o caso de Fahmy e permitir o seu regresso imediato ao Canadá”, afirmou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros canadiana, Lynne Yelich, manifestando-se dececionada com a sentença.
Através de um comunicado, Lynne Yelich indicou ainda que membros do governo canadiano têm abordado este assunto com altos representantes egípcios e que vão prosseguir com os contactos.
Recorde-se que este caso suscitou muita atenção internacional e alguma polémica. A advogada Amal Clooney chegou a afirmar que as autoridades do Cairo ameaçaram prendê-la se publicasse um relatório sobre o sistema judiciário do Egito.
O governo egípcio assegurou que a advogada poderia viajar ao Egito quando quisesse e garantiu que não havia “nenhuma medida” que impedisse a sua entrada no país.