Uma equipa de investigadores portugueses avançou uma explicação para um mistério com mais de três séculos: porque motivo os pêndulos de dois relógios sem sincronia acabam por se sincronizar misteriosamente ao fim de algum tempo.
Segundo os resultados do estudo, publicado esta quinta-feira na revista Scientific Reports, do grupo da revista Nature, a troca de impulsos sonoros faz com que o movimento de dois pêndulos de relógios, colocados lado a lado, esteja automaticamente sincronizado.
O estudo foi desenvolvido por Luís Viseu Melo, investigador do INESC Microssistemas e Nanotecnologias, e Henrique Oliveira, do Centro de Análise Matemática, Geometria e Sistemas Dinâmicos, de Lisboa.
Luís Viseu Melo explicou à Lusa que, para a sua experiência, a equipa testou um modelo matemático com base num “pressuposto simples”, o de que um pêndulo de um relógio, “num dado ponto do ciclo”, transfere energia a outro através de impulsos sonoros.
O impulso sonoro, uma onda sonora que transporta energia, pode passar de um relógio para o outro, obrigando-os a estarem sincronizados.
Em 1665, o físico holandês Christiaan Huygens, inventor do relógio de pêndulo, observou, quando estava doente em casa, que o movimento dos pêndulos de dois relógios, pendurados numa trave, era sincronizado.
Huygens observou que, qualquer que fosse a posição de partida, os pêndulos mantinham-se em ‘oposição de fase’: um pêndulo ia para a esquerda enquanto o outro ia para a direita.
Os dados do modelo matemático – uma série de equações – do grupo de investigadores portugueses foram validados em dois relógios de pêndulo colocados num suporte de alumínio fixado à parede.
O modelo já foi testado, com “resultados semelhantes”, em osciladores eletrónicos, circuitos eletrónicos que produzem sinais eletrónicos repetitivos, e que se podem encontrar em telefones ou altifalantes.
350 anos depois, o mistério de Huygens explicado.
ZAP / Lusa