A hora universal vai ter na terça-feira mais um segundo, mas em Portugal continental e na Madeira, com mais uma hora do que os Açores, o segundo é adicionado aos relógios na quarta-feira, depois da meia-noite.
A correção, a 26.ª desde 1972, serve para ajustar a hora atómica, dada com precisão por uma rede mundial de relógios atómicos de átomos de césio e rubídio, à hora ‘solar’ do planeta, dada pela rotação da Terra, cuja velocidade abranda a um ritmo irregular, por influência da força gravítica da Lua e do Sol.
É a rotação da Terra que define a duração dos dias e das noites.
Como a hora ‘oficial’ do planeta, a chamada hora UTC (Tempo Universal Coordenado, na designação portuguesa), se rege pela Hora Atómica Internacional, expressa em segundos atómicos, e esta não deve, por determinação internacional, estar desfasada da hora ‘natural’ da rotação da Terra mais do que um segundo, faz-se o acerto sempre que é necessário, normalmente no fim de junho (que pode calhar já em julho, de acordo com o fuso horário do país), no fim de dezembro ou janeiro.
Se não fosse feito esse ajuste, “o relógio passava a ter as horas dos dias a afastarem-se cada vez mais do meio-dia solar”, assinalou à Lusa Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), que mantém a hora legal portuguesa tendo como referência a hora UTC.
A introdução do “segundo intercalar”, que passará despercebida à maioria das pessoas, acontecerá em simultâneo em todo o mundo, mas, dependendo dos diferentes fusos horários, ocorrerá antes da meia-noite nas Américas, depois da meia-noite na Europa e em África e na manhã de quarta-feira em países como Austrália, Japão e Timor-Leste.
Em Portugal, o segundo a mais, nos Açores, é na terça-feira, passando a sequência horária a ser 23:59:59, 23:59:60 e 00:00:00, em vez de 23:59:59 e 00:00:00, como é habitual.
No continente e na Madeira, o ‘salto’ dá-se na quarta-feira, com a sequência horária a marcar 00:59:59, 00:59:60 e 01:00:00, em vez de 00:59:59 e 01:00:00.
Se os sistemas operativos não estiverem devidamente atualizados, e não reconhecerem o “segundo intercalar”, pode haver desagradáveis surpresas, como já sucedeu no passado, tais como “bugs” (falhas informáticas).
Rui Agostinho lembra que muitas transações, em bolsa e na banca, são feitas automaticamente, via eletrónica, e dependem de um “selo temporal”, de uma data e hora.
Assim, frisou Rui Agostinho, um segundo a mais pode dar a ganhar dinheiro a muita gente, mas também dar a perder.
Para quem não quiser correr riscos, o Observatório Astronómico de Lisboa ‘ensina’ como introduzir o segundo a mais no relógio do computador – basta seguir as instruções dadas na sua página.
Quem é simplesmente curioso pode seguir, na hora legal (Lisboa), o ‘salto’ do segundo no relógio do mesmo portal.
/Lusa