90% do calor do planeta é absorvido pelas águas, o que evita que a temperatura dispare de vez. Mas o limite estará próximo de ser superado.
O fenómeno não e novo mas está a acumular-se: as temperaturas nos oceanos estão a subir, a atingir recordes.
Em 2022 as temperaturas do Mediterrâneo já tinham aumentado entre 3 e 5 graus acima do normal, comparando com o Verão nos anos anteriores, e chegaram aos 30 graus.
No ano seguinte, a temperatura média da superfície dos oceanos atingiu um recorde de 20,96 ºC – ultrapassou o recorde anterior de 20,95ºC registado em Março de 2016.
Já no início deste ano, confirmou-se que o aumento das temperaturas está a mudar significativamente a maneira como a água se move no planeta, “causando estragos” no ciclo da água.
E não é o ciclo da água que fica afectado: estes recordes agravam fenómenos meteorológicos extremos, destaca o Euronews.
Ainda nos últimos dias, a rápida intensificação do furacão Erin (EUA) foi associada a “águas oceânicas invulgarmente quentes”, segundo uma análise da Climate.
Há um ano, o Mar Mediterrâneo atingiu um recorde de 28,9°C. Já ao longo deste ano, em fases mais quentes, as temperaturas dos oceanos chegaram a valores mais elevados do que o habitual.
Os “incêndios submarinos” no Mediterrâneo têm sido associadas a tempestades mais intensas e a precipitações mais extremas.
É que as temperaturas da superfície do mar são essenciais na formação dos padrões meteorológicos: brisas marítimas no Verão, precipitações torrenciais no Outono.
Os oceanos protegem a Terra do aquecimento global. Amortecem os impactos no clima. 90% desse calor é absorvido pelas águas e isso ajuda a evitar que a temperatura do planeta dispare de vez.
Mas esse limite pode estar próximo de ser ultrapassado; esse alerta tem sido dado nos últimos anos. E, se isso acontecer, os efeitos devem ser sentidos em escala global.
Se a água do oceano fica mais quente, a evaporação aumenta; esse excesso de vapor liberta mais humidade na atmosfera, funcionando como um combustível para as chuvas, explica a Globo. E os temporais serão cada vez mais intensos.
Especialistas reforçam que o aquecimento dos oceanos pode aumentar a quantidade e a intensidade dos fenómenos climáticos extremos.
Estes recordes de temperatura são sinais de alarme de que os mecanismos naturais que equilibravam o clima estão a falhar, tornando o planeta mais vulnerável.