As autoridades da Malásia encontraram no norte do país um acampamento clandestino com fossas onde suspeitam que estejam enterrados centenas de migrantes do Bangladesh e da Birmânia, informou hoje a imprensa local.
A desconfiança de estarem perante valas comuns partiu da polícia forense, que inspecionou uma zona em Padang Besar, perto da fronteira com a Tailândia, onde nas últimas semanas tinham sido encontrados pelo menos oito acampamentos clandestinos e dezenas de túmulos.
Segundo o ministro do Interior da Malásia, Zahid Hamidi, as valas comuns foram descobertas no norte do país, perto dos campos de detenção criados pelos traficantes de seres humanos, informou o jornal The Star.
“Nós não sabemos quantos são, mas provavelmente vamos encontrar mais corpos”, disse o ministro em entrevista ao jornal, que cita uma fonte anónima para avançar que terão sido encontradas trinta valas comuns com centenas de esqueletos.
Até agora, Kuala Lumpur tinha negado que pudessem existir campos de detenção de migrantes ou valas comuns no país.
As autoridades acreditam que poderá haver uma relação entre o acampamento na Malásia e os campos na Tailândia, que foram abandonados por traficantes pouco antes das operações policiais de combate ao tráfico humano.
No início de maio, a descoberta de outros campos no sul da Tailândia desencadeou uma campanha contra o tráfico de seres humanos que levou ao desmantelamento de algumas redes.
Nos dias seguintes, centenas de migrantes (principalmente do Bangladesh e da Birmânia) desembarcaram na Tailândia, Malásia e Indonésia, apesar das tentativas desses países para bloquear navios e impedir a sua entrada.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), só no primeiro trimestre deste ano cerca de 25 mil pessoas já abandonaram o Bangladesh e a Birmânia à procura de uma vida melhor.
Na quarta-feira, os governos da Indonésia e da Malásia concordaram em acomodar temporariamente, estes migrantes, mas sob a condição de a comunidade internacional tratar da sua transferência para outros países. Caso contrário serão repatriados passado um ano.
/Lusa