Portugueses não trocam de emprego. 1/3 tem o mesmo há 20 anos

Há pontos positivos, como a proteção por parte da empresa. Mas onde se torna difícil arranjar um bom trabalho, a população “joga pelo seguro”: um terço dos portugueses tem o mesmo trabalho há 20 anos.

33% dos trabalhadores portugueses estão na mesma empresa há pelo menos 20 anos. Depois da Grécia (38%), Portugal é o país com mais contratos com mais de 20 anos da Europa, seguido de perto pela Itália (32%).

O cenário é bem diferente nos países da Escandinávia, com a Noruega e a Dinamarca a encabeçar a lista dos países cujos habitantes mais mudam de emprego. Nestes 2 países, só 13% dos trabalhadores estão na mesma empresa há 20 anos, de acordo com dados avançados pelo jornal Expresso, recolidos pelo Banco Central Europeu.

Em comparação a outra grande economia, os EUA, o contraste é ainda mais visível — só 10% dos norte-americanos têm “empregos para a vida”.

Neste país, 20% dos trabalhadores começaram um novo emprego há menos de um ano — a grande maioria dos países europeus (à exceção da Dinamarca, Noruega e Áustria) não chega aos 10%. EM Portugal, apenas 5% da população empregada começou um novo trabalho há menos de 1 ano.

“Empregos de longa duração podem ser um sintoma de mercados de trabalho escleróticos, que mantêm as pessoas nos mesmos postos durante várias décadas. Há benefícios e custos associados a estas relações laborais prolongada”, diz o economista Benjamin Schoefer, que explica que o modelo social do sul da Europa é neste campo muito diferente dos países nórdicos.

“Um dos custos é o impedimento da realocação benéfica e promotora de produtividade da força de trabalho para sectores em crescimento no futuro”, aponta.

“Parece que as economias do Sul da Europa apresentam níveis particularmente baixos de fluidez e dinamismo no mercado de trabalho. Uma possível explicação está na proteção do emprego, que se torna mais forte com a antiguidade no posto de trabalho”, diz o economista.

Em economias onde encontrar outro bom emprego é difícil, mudar de emprego é um risco elevado. Por isso, permanecer no mesmo trabalho o maior tempo possível pode fazer sentido. Ao mesmo tempo, esta lógica dificulta que a economia cresça e realoque os seus recursos para sectores em expansão” denota.

ZAP //

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