“Mais imigração!”: quando os Gato Fedorento foram ameaçados; Ricardo Araújo Pereira mudou de casa

Grupo de humor colocou um cartaz mesmo ao lado de um cartaz do PNR. A provocação não agradou a todos os portugueses.

A conversa surgiu por causa da agressão a Adérito Lopes, por parte de elementos de grupos neonazis.

Ricardo Araújo Pereira lamentava na SIC a “impunidade” destes agressores, também relacionada com o facto de o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) ter tirado o capítulo sobre a extrema-direita: “A preocupação com a segurança é relativa”.

O comentador alega que, há uns anos, os neonazis tinham menor margem de manobra porque as autoridades “puniam mais comportamentos criminosos”.

Logo a seguir, Ricardo lembrou que já passou por ataques de extremistas: “Nessa altura, a Polícia Judiciária, não só estava a monitorizar esse tipo de energúmenos, como os tinha claramente identificados e controlados. E, na altura, a Polícia Judiciária foi inexcedível no tratamento do caso. Comigo, especialmente”.

Falou-se sobre “cartazes” no programa, mas o assunto não foi detalhado.

Cartaz do PNR, 2007

O caso começou há 18 anos. O Partido Nacional Renovador (PNR) colocou um cartaz em Lisboa onde pedia o fim da entrada de imigrantes em Portugal.

Basta de imigração – Nacionalismo é a solução” ou “Portugal aos portugueses. Façam uma boa viagem”, lia-se no cartaz colocado no Marquês de Pombal. Em 2007.

No dia seguinte, o líder do PNR, José Pinto Coelho, justificou: a prioridade era o PNR ser mais conhecido. E assegurou: “Não somos contra os imigrantes, mas sim contra esta política cega de imigração que prejudica os portugueses”. Em 2007, repetimos.

O partido tinha na altura uma campanha contra os imigrantes em Portugal. Porque, justificava o PNR, não podia promover a imigração enquanto “houver Portugueses a viver na miséria”.

O PNR é o actual Ergue-te, que há poucos dias foi extinto pelo Tribunal Constitucional.

Cartaz do Gato Fedorento

Poucos dias depois, mesmo ao lado desse cartaz polémico, apareceu outro cartaz – do Gato Fedorento.

Mais imigração! A melhor maneira de chatear estrangeiros é obrigá-los a viver em Portugal. Bem vindos! Com os portugueses não vamos lá. Nacionalismo é parvoíce”, lia-se nesse novo cartaz.

O cartaz tinha fotografias dos quatro humoristas: Ricardo Araújo Pereira, Tiago Dores, Miguel Góis e José Diogo Quintela – todas as imagens foram alteradas para ficarem mais parecidos com José Pinto Coelho.

“Quando vimos que era possível veicular mensagens grotescas no Marquês de Pombal, não quisemos ficar atrás. Eu nunca tive problemas com estrangeiros, mas com portugueses tenho todos os dias. É no trânsito, é na fila do supermercado”, brincou na altura Ricardo Araújo Pereira, na TVI.

Ameaças, mudança de casa

Mas o que aconteceu a seguir não foi uma brincadeira.

Elementos de extrema-direita não gostaram do novo cartaz e começaram a ameaçar os Gato Fedorento – os humoristas tiveram protecção policial durante algum tempo por causa dessas ameaças, indicava o Diário de Notícias.

O caso mais grave foi o de Ricardo Araújo Pereira: a sua filha começou a ser ameaçada e o colégio que frequentava foi anunciado num fórum online associado a skinheads.

Ricardo Araújo Pereira tirou a sua filha daquela escola e mudou de casa – que mais tarde foi fotografada para a revista TV Mais, que deu origem a outro processo.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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