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Semana de 4 dias: o “mito” está a ser abandonado na Alemanha. A “verdade incómoda mas necessária” de Merz

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Reduzir o número de dias de trabalho já não está nas exigências dos sindicatos. Chanceler quer que os alemães “voltem a trabalhar mais e de forma mais eficiente”.

A semana de 4 dias é um “sonho” para alguns trabalhadores, um projecto realista para outros, e noutras empresas já está mesmo a ser implementada.

“Precisamos de descanso, as pessoas estão desesperadas por esta ideia”, comentou o economista Pedro Gomes, em entrevista ao ZAP.

O autor do livro Sexta-Feira É o Novo Sábado. Como Uma Semana de Trabalho de Quatro Dias Poderá Salvar a Economia, lembra que a ideia até já surgiu em 1956 e assegura que há maior produtividade nas empresas com semanas de 4 dias.

Mais tarde, um relatório mostrou que os trabalhadores, ao trabalharem menos tempo, viram melhorias na sua saúde mental, estiveram mais tempo com a família. A produtividade é que continua a ser uma dúvida.

Há cerca de duas semanas, Friedrich Merz fez a sua primeira declaração enquanto chanceler. Encorajou os alemães a fazer um “tremendo esforço” para tornar a Alemanha mais competitiva: “Precisamos de trabalhar mais e, sobretudo, de forma mais eficiente neste país”.

E abordou a semana de 4 dias: “Com uma semana de 4 dias e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, não conseguiremos manter a prosperidade deste país”.

Esta frase foi uma “verdade incómoda, mas necessária”, reage o especialista Thomas Sigmund, no Handelsblatt.

A semana de 40 horas será a medida implementada.

Os sindicatos já estão a afastar-se desse sistema. A IG Metall – o maior sindicato metalúrgico do mundo e integrado na maior central sindical da Alemanha (DGB) – deixou de colocar a semana de 4 dias na sua lista de exigências.

“Uma semana de 4 dias com remuneração total não está na lista de reivindicações do sindicato. Mas isso não a torna menos sensata”, comentou a responsável Christiane Benner, no jornal Bild.

Este afastamento do sindicato é afastar-se de “um mito de trabalho“, continua o Handelsblatt. Porque este “projecto favorito do novo mundo do trabalho” passa por “trabalhar menos e ganhar o mesmo”.

O sindicato alemão estará a “reconhecer aquilo que durante muito tempo foi considerado impopular: trabalhar menos e ganhar o mesmo – não funcionará a longo prazo”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. Toda esta gente está a soldo dos grandes interesses económicos/financeiros e não fazem mais que o seu trabalho que é cumprir as “ordens” dos donos, quer sejam políticos quer mesmo no caso concreto sindicatos.

    Só quem nasceu sem neurónios não percebe que isso é incontornável por muito que meia dúzia de bilionários digam que não, a pergunta a esses que vendem o mal da maioria é a seguinte:

    – Se assim é, porque raio é que investem bilhões em robótica e IA?

    O problema dessa meia dúzia de bilionários é saberem que a esmagadora maioria dos cidadãos estão entretidos e não pensam senão em como vão pagar as contas do mês, essa é a preocupação porque andam cheios de medo, constróiem bunkers, contratam seguranças sem fim, em suma não sabem como viver em segurança porque sabem que as suas fortunas foram retiradas ao povo que trabalha, e se esse povo começa a pensar eles são obrigados a viverem nos bunkers, é esse o medo.

    Vai ser bonito ver a robotização humanóide mostrar a essa bandidagem, que é disso que estamos a falar, a realidade, vamos ver se vão gostar do amanho.

    Quanto aos políticos e afins, não passam de cobardes vendidos.

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