Hernan Canellas

Nebulosa solar – o disco de gás e poeira que formou o Sistema Solar
As estrelas que passam perto do sistema solar podem desalinhar os planetas, atirando-os contra o Sol ou para o Espaço. Um novo estudo revela que o risco de isso acontecer é muito maior do que o que se pensava.
Um estudo publicado recentemente no arXiv revelou que as estrelas que passam ‘a rasar’ o sistema solar podem causar mais estragos do que os astrónomos pensavam anteriormente, desde atirar violentamente a Terra contra o Sol ou alterar catastroficamente a órbita e o clima do nosso planeta.
Como escreve a New Scientist, é difícil saber exatamente o que vai acontecer ao sistema solar nos próximos milhares de milhões de anos, com algumas simulações a mostrarem que se pode desintegrar.
A forma mais provável de isto acontecer é se a órbita de Mercúrio, por azar, se alinhar com a de Júpiter. Isto poderia fazer com que o planeta mais pequeno se afastasse, chocando contra o Sol ou Vénus, ou colocando a Terra e Marte em rota de colisão. Outra fonte de desordem poderia vir de estrelas que passassem perto do Sol, a uma largura de alguns sistemas solares, mas estes acontecimentos são extremamente improváveis, com apenas 1% de hipóteses em cada mil milhões de anos.
Agora, o novo estudo descobriu que não são apenas acontecimentos como estes que podem perturbar o equilíbrio do nosso sistema.
O tráfego estelar quotidiano pode acontecer a qualquer momento e pode desequilibrar significativamente o sistema solar.
A equipa descobriu que a probabilidade global de um planeta do sistema solar ser desviado da sua rota era 50% mais elevada do que a resultante apenas do caos interno.
“Uma instabilidade provocada por um voo rasante pode acontecer a qualquer momento, enquanto que uma instabilidade provocada internamente tem muito mais probabilidades de acontecer 4 a 5 mil milhões de anos no futuro, o que faz dos voos rasantes a maior ameaça à estabilidade do sistema solar nos próximos 4 mil milhões de anos”, disse, à New Scientist, Sean Raymond, da Universidade de Bordéus, em França.
Plutão mais vulnerável
A vítima potencial mais surpreendente dos intrusos estelares foi Plutão. Tem 5% de hipóteses de se tornar instável. “Em nenhum estudo anterior se pensou que Plutão tivesse qualquer hipótese de se tornar instável”, disse Raymond.
Os riscos absolutos de Marte, Vénus e Terra serem lançados numa órbita caótica aumentaram para 0,3, 0,2 e 0,05% – mais elevada do que as estimativas anteriores, embora o risco absoluto permaneça pequeno.
A órbita da Terra também tem 0,3% de hipóteses de ser alterada de forma a causar um aquecimento climático significativo.
“A diversidade de formas pelas quais o sistema solar se pode desmoronar é muito maior do que se pensava anteriormente”, disse Raymond.
Globalmente, segundo o estudo, a probabilidade de uma estrela perturbar o equilíbrio do nosso sistema solar nos próximos milhares de milhões de anos aumentou para cerca de 1,5%, em vez de 1%.
Ainda assim, os investigadores tranquilizam-nos: quando comparado com outros sistemas planetários, o risco de um acontecimento deste tipo ainda é baixo.