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Pode haver novo apagão: como pode Portugal evitá-lo?

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ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Uma jovem aguarda o restabelecimento da luz em Campo de Ourique, devido ao apagão que afetou Portugal de Norte a Sul e outros países europeus, em Lisboa, 28 de abril de 2025.

Acabou o maior apagão da história: rede foi reposta a 100% — mas Portugal não está a salvo de ficar outra vez às escuras.

Luz no fundo do túnel, depois de meio dia na escuridão. O serviço de rede está totalmente reposto e normalizado, confirmou esta terça-feira o operador de distribuição de eletricidade E-Redes.

A religação da rede foi feita em cascata (alta, média e baixa tensão) e foi possível recuperar mais depressa o fornecimento de energia “fruto da gestão integrada da rede nos vários níveis de tensão. Temos a rede reposta a 100% e normalizada”, adiantou a empresa à Lusa.

Por sua vez, a REN – Redes Energéticas Nacionais também garantiu que a rede de energia está “perfeitamente estabilizada” e que pouco antes das 23:30 de segunda-feira já tinham sido repostas todas as subestações.

Mas a REN também avisa que este “evento absolutamente excecional” de origem externa, que afetou todos os consumidores em Portugal, pode repetir-se.

Pode haver novo apagão

À meia-noite de segunda-feira, a energia já havia sido parcialmente restabelecida a cerca de 6,2 milhões de clientes, com 424 subestações a operar e 3.200 MW a circular na rede. Mas a REN alertava que novos desequilíbrios poderiam comprometer o progresso alcançado e forçar um regresso à estaca zero.

A energia está reposta, mas “não podemos dar nenhum passo em falso”. É como o quadro elétrico que temos em casa, explicou o administrador da REN , João Conceição.

“Se tivermos um curto circuito, os disjuntores disparam. Mas se o pusermos para cima e não fizermos mais nada, é muito provável que continue a disparar. Por isso temos de ir testando os eletrodomésticos até termos estabilidade no circuito elétrico. O que estamos a fazer é exatamente o mesmo, mas a uma escala nacional”, adianta o responsável.

O cenário de incerteza é agravado pelo facto de ainda não se saber o que aconteceu ao certo.

Na origem da instabilidade esteve a dependência momentânea de Portugal da energia importada de Espanha, sobretudo solar, que representava cerca de um terço do consumo nacional no momento do incidente — mas a REN já disse que essa dependência não foi a causa direta do apagão.

“O sistema português não está dependente de energia externa. Vamos buscar energia a Espanha por uma questão económica. Mas há uma questão à qual não podemos fugir, que é o facto de sermos periféricos. Espanha, por exemplo, conseguiu recuperar mais rapidamente os seus consumos na zona da fronteira porque França exportou eletricidade”, explicou.

Mas Portugal só se pôde virar para Espanha… que também estava às escuras. “O país podia estar a ser totalmente abastecido com energia 100% portuguesa que teria acontecido exatamente o mesmo“, disse ainda Conceição.

Como evitá-lo?

Uma das soluções apontadas pelos especialistas passa passa pelo reforço das interligações elétricas com o resto da Europa, para diminuir a dependência espanhola.

Outra medida seria investir em centrais que garantam capacidade de resposta imediata, como as centrais a gás, que possam ser ativadas rapidamente em situações de emergência. Esta segunda-feira, foram as centrais de reposição de as da Tapada do Outeiro e de Castelo de Bode que salvaram o dia, apesar de mesmo assim ter sido insuficiente.

“Há muito tempo” que Portugal “luta na União europeia pelo reforço das interligações com a Europa”, disse o primeiro-ministro esta segunda-feira.

A digitalização do sistema é outro ponto a melhorar.

O aumento da produção de energias renováveis e do armazenamento, especialmente solar, é vital para reduzir a dependência de fontes externas e reforçar a autonomia energética — Portugal ainda apresenta atraso face à vizinha Espanha nesta área.

Mas “mais sistemas de recuperação significam mais custos”, alerta por outro lado João Conceição, citado pelo ECO: “hoje, todos vão dizer que é mais do que justificado. Mas daqui a uns tempos, estaremos mais preocupados com o custo da conta de eletricidade”.

O Executivo já está “a trabalhar, designadamente com a REN, para reforçar a capacidade de prevenção e resiliência, de forma a evitar a repetição de ocorrências como esta”, disse Luís Montenegro.

ZAP //

1 Comment

  1. Agradeçam às energias alternativas/renováveis/”limpas” que para além de serem extremamente poluentes e prejudiciais à Natureza, Meio-Ambiente, e dependentes dos combustíveis fósseis, são como ficou demonstrado ineficazes.

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