/

EUA admitem recuar nas tarifas à China. “Não é sustentável”

SHAWN THEW / EPA

Gráficos com a lista das tarifas impostas pelo Presidente Trump, país por país, no “Dia da Libertação”.

Os Estados Unidos admitem que o nível atual de tarifas entre o país e a China “não é sustentável”. A superpotência asiática está de “portas escancaradas” para negociar, mas exige respeito.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, admitiu esta quarta-feira que o nível atual de tarifas entre o país e a China não é sustentável.

“Penso que ambas as partes estão à espera de falar uma com a outra”, afirmou Bessent, à margem de um evento em Washington.

Isto surge no dia a seguir a Donald Trump ter expressado na terça-feira o seu otimismo quanto à possibilidade de os EUA e a China chegarem a um acordo comercial.

O Presidente dos EUA afirmou que os direitos aduaneiros sobre os produtos chineses seriam “substancialmente reduzidos” – uma declaração que afetou positivamente os mercados financeiros.

Após Trump ter sinalizado um eventual recuo nas tarifas, a China afirmou estar “de portas escancaradas” a negociações com os EUA.

China pede diálogo (e respeito)

Ainda assim, o Governo chinês pediu aos Estados Unidos para “deixar de exercer pressão” e mostrar respeito se quiserem realmente resolver os diferendos comerciais.

“Se os Estados Unidos continuarem a querer esta guerra tarifária, a China continuará a responder até ao fim. Se quiserem negociar, a porta está aberta. Mas se eles realmente querem negociar, devem parar de exercer a máxima pressão e ir para o diálogo com base na igualdade, respeito e benefício mútuo”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

O porta-voz insistiu que “a China não quer uma guerra comercial”, mas que “não tem medo de a enfrentar se necessário”.

Guo sublinhou ainda que os EUA “não têm apoio” nas suas disputas tarifárias e que “cada vez mais países vão resistir”, respondendo a uma pergunta sobre os esforços diplomáticos chineses para pedir a outros países, como o Japão, para cooperarem com Pequim face às tarifas de Trump.

Pequim já avisou anteriormente que não aceitará acordos internacionais que sejam alcançados “à custa dos seus interesses”, depois de os órgãos de comunicação internacionais terem noticiado que Trump planeia pressionar outros países durante as negociações comerciais para limitarem o comércio com a China.

“Desanuviamento é possível”

Na tarde desta quarta-feira, Scott Bessent afirmou que os direitos aduaneiros exorbitantes em vigor teriam de ser reduzidos mutuamente como condição prévia para quaisquer negociações.

“Não creio que nenhuma das partes considere que o atual nível de direitos aduaneiros seja sustentável, pelo que não me surpreenderia se fossem mutuamente reduzidos”, afirmou.

A guerra comercial iniciada pelo executivo norte-americano, desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, resultou em 145% de taxas alfandegárias adicionais sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos, e 125% decididas por Pequim, em retaliação sobre os bens provenientes dos Estados Unidos.

“Isto é o equivalente a um embargo e uma rutura nas relações comerciais entre os dois países não convém a ninguém”, disse o responsável.

“Penso que é possível um desanuviamento de ambas as partes“, acrescentou, fazendo eco de comentários feitos no dia anterior à porta fechada, mas transmitidos aos meios de comunicação social por uma fonte presente na sala.

A bolsa em Wall Street seguia em alta, esta quarta-feira, com as notícias de que as tarifas poderiam ser reduzidas e depois de Trump ter dito que não tinha intenção de despedir o presidente da Reserva Federal americana (Fed), Jerome Powell, que criticou nas últimas semanas.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.