Putin aceita cessar-fogo limitado (mas exige suspensão da ajuda militar à Ucrânia)

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Michael Klimentyev / Sputnik / Kremlin Pool / EPA

O Presidente russo, Vladimir Putin, com o homólogo norte-americano, Donald Trump, em 2017.

Em aguardado telefonema com Trump, presidente russo concordou num cessar-fogo imediato, mas limitado a ataques contra alvos energéticos e infraestruturas. Conversa “muito boa e produtiva”, diz Trump.

Os Presidentes dos Estados Unidos e da Rússia concordaram esta terça-feira com um cessar-fogo de 30 dias no conflito na Ucrânia, embora limitado a ataques contra alvos energéticos e infraestruturas, anunciou a Casa Branca.

Após uma conversa telefónica de mais de duas horas e meia de duração, Donald Trump e Vladimir Putin também acordaram iniciar as negociações de paz de imediato, indicou um comunicado da presidência norte-americana, que elogia o “imenso benefício” de uma melhor relação entre Washington e Moscovo.

“Vladimir Putin respondeu positivamente a esta iniciativa e deu imediatamente aos militares russos a ordem correspondente”, avança, por sua vez, a Rússia, que diz também que Putin terá exigido a suspensão da ajuda militar estrangeira à Ucrânia — uma condição-chave que não deverá ser aceite, nem pela Ucrânia, nem pela Europa.

“Foi enfatizado que a condição fundamental para evitar a escalada do conflito e trabalhar para a sua resolução através de meios políticos e diplomáticos deve ser a cessação completa da ajuda militar estrangeira e o fornecimento de informações de inteligência para Kiev”, cita a agência Reuters.

“A minha conversa telefónica de hoje com o Presidente Putin da Rússia foi muito boa e produtiva”, escreveu Trump na sua rede social Truth. “Concordámos com um cessar-fogo imediato em toda a energia e infraestruturas, com o entendimento de que trabalharemos rapidamente para conseguir um cessar-fogo completo e, em última análise, um fim para esta guerra horrível entre a Rússia e a Ucrânia”, adiantou o presidente dos EUA.

A Ucrânia já dera o aval a um acordo de cessar-fogo de 30 dias, proposto pelos Estados Unidos, e instou Putin a fazer o mesmo, mas tal não terá acontecido esta terça-feira. Em reação à chamada desta terça-feira da qual foi excluído, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy aceitou a trégua estabelecida e limitada às infraestruturas, mas deixou o aviso: “acho que o correto é termos uma conversa com o Presidente Trump e saberemos em detalhe o que os russos ofereceram aos americanos ou o que os americanos ofereceram aos russos”.

As “negociações técnicas sobre a implementação de um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, cessar-fogo total e paz permanente” deverão ter lugar no Médio Oriente “imediatamente“, afirma ainda a Casa Branca.

“Os dois líderes concordaram que um futuro com uma relação bilateral melhorada entre os Estados Unidos e a Rússia tem enormes vantagens. Isto inclui enormes negócios económicos e estabilidade geopolítica quando a paz for alcançada”, diz ainda a Casa Branca à imprensa.

“Sob a liderança do Presidente Putin e do Presidente Trump, o mundo tornou-se hoje um lugar muito mais seguro! Histórico! Épico!”, celebrou no X o enviado de Putin para a cooperação internacional, Kirill Dmitriev.

Putin e Trump concordaram também que devem unir esforços para estabilizar a situação noutras zonas de crise, como a guerra na Faixa de Gaza, e que “o Irão nunca devia estar em condições de destruir Israel”, diz a Casa Branca, referindo-se ao programa nuclear iraniano.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, já veio reforçar que a UE tem vindo a promover a paz desde o primeiro dia e que esta não pode ser alcançada sem a participação da Ucrânia nas conversações.

Na chamada desta terça-feira, os dois presidentes também concordaram numa nova troca de prisioneiros de guerra: 175 de cada lado, no total, segundo a agência estatal russa TASS, que também avança que a Rússia e os EUA vão criar grupos de peritos sobre a resolução do conflito na Ucrânia.

Este é, para o chanceler cessante da Alemanha, Olaf Scholz, um primeiro passo importante. “O próximo passo deve ser um cessar-fogo total na Ucrânia e o mais rapidamente possível. É claro que ambos concordamos com isso também”, disse, ao lado de Macron. Tal como o homólogo, frisou que não devem ser tomadas decisões por cima da cabeça da Ucrânia.

Apesar de ter garantido apoiar o cessar-fogo, Putin disse na semana passada que este, a acontecer, tem de conduzir a uma “paz duradoura”, e confessou que ainda vê problemas na sua aplicação.

Tomás Guimarães, ZAP //

2 Comments

  1. … ““Concordámos com um cessar-fogo imediato em toda a energia e infraestrutura”. Ou seja, podem continuar a bombardear residências civis e a assassinar civis inocentes de todas as idades!!! … ““Sob a liderança do Presidente Putin e do Presidente Trump, o mundo tornou-se hoje um lugar muito mais seguro! Histórico! Épico!”, celebrou no X o enviado de Putin para a cooperação internacional, Kirill Dmitriev.”. Cinismo, hipocrisia, falácia quanto baste!!! O actual problema do Planeta Terra é ter socio-psicopatas a governarem países…

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