
Uma equipa de investigadores da Universidade de Cambridge identificou um conjunto de genes ligados à obesidade nos cães — e encontraram os mesmos genes nos humanos predispostos a engordar também.
Segundo o New Atlas, os cientistas descobriram que um grupo de cinco genes é o culpado da obesidade nos Labradores Retrievers britânicos, sendo que um destes genes, chamado DENND1B, tem o efeito mais profundo.
Este gene afeta diretamente uma via cerebral responsável pela regulação do equilíbrio energético do corpo, chamada via da leptina melanocortina.
O estudo, publicado no início deste mês na revista Science, realça “a importância das vias cerebrais fundamentais no controlo do apetite e do peso corporal”, explica Alyce McClellan, uma das autoras da pesquisa.
Ou seja, se o seu Labrador tem um interesse maior do que o habitual por comida, isso deve-se a estes cinco genes na sua ligação.
Os investigadores realçam também que não há um medicamento milagroso que possa surgir deste estudo.
A gestão do exercício dos cães e o controlo da sua alimentação revelaram-se suficientes para evitar que se tornassem obesos, mesmo quando possuíam os genes que os colocavam em maior risco de desenvolver a doença.
De acordo com este estudo, talvez seja melhor não pensar em interferir com o DENND1B para combater a obesidade.
“Estes genes não são imediatamente alvos óbvios para os medicamentos para a perda de peso, porque controlam outros processos biológicos fundamentais do organismo que não devem sofrer interferências”, explicou McClellan.
A equipa de investigação trabalhou com donos de animais de estimação para medir a gordura corporal dos seus cães, classificou os cães numa escala de “avareza”, medindo a frequência com que pediam comida e recolheu amostras de saliva para ADN.
Identificaram os genes ligados à obesidade comparando o estado de obesidade dos cães com o seu ADN. Os cães com o gene DENND1B tinham mais 8% de gordura corporal do que os que não o tinham.
De seguida, os investigadores examinaram estudos de humanos com obesidade grave de início precoce, em que se suspeitava que alterações genéticas isoladas causavam o aumento de peso. Foi nessa altura que descobriram os mesmos cinco genes observados pela primeira vez nos Labradores.
Eleanor Raffan, que liderou o estudo, referiu que esta investigação forneceu uma perspetiva única sobre a forma como o aumento de peso ocorre na fisiologia humana.
“Ao estudar cães, pudemos medir o seu desejo de comer separadamente do controlo que os donos exerciam sobre a dieta e o exercício dos seus cães”, afirmou. “Nos estudos com humanos, é mais difícil estudar a forma como o apetite geneticamente determinado exige uma maior força de vontade para se manter magro, uma vez que ambos afetam a mesma pessoa”.
Embora seja difícil para nós, humanos, perder peso, temos a sorte de, pelo menos, ter vários caminhos para combater a obesidade. Por sua vez, se o seu cão está no infeliz campo DENND1B, vai precisar da sua ajuda.
Deve controlar a ingestão de alimentos e fazer com que o animal pratique exercício físico regularmente. Os investigadores também recomendam distraí-lo da fome constante, distribuindo cada refeição através de comedouros — tipo puzzle — ou espalhando a comida pelo espaço, para que demore mais tempo a comer.