Uma editora seleccionou dez palavras como as mais marcantes deste ano, entre as quais “grandolada”, “inconstitucional”, “irrevogável”, “papa”, “pós-troika” e “swap”, e vai colocá-las à escolha dos portugueses, a partir de hoje, para eleição da “Palavra do ano”.
A iniciativa é da Porto Editora, que tem uma componente histórica de especialização na área dos dicionários e da lexografia, tendo a escolha das dez palavras resultado do trabalho de “acompanhamento e análise da realidade da língua portuguesa”, feita pelos seus especialistas, explicou à Lusa fonte do grupo editorial.
As dez palavras finalistas de 2013 são: “bombeiro“, “coadoção“, “corrida“, “grandolada“, “inconstitucional“, “irrevogável“, “papa“, “piropo“, “pós-troika” e “swap“.
A escolha foi feita “com base em critérios de frequência de uso e de relevância assumida, quer através dos meios de comunicação social e das redes sociais, quer da utilização dos dicionários da Porto Editora nas suas versões online e mobile”, disse a mesma fonte.
A escolha da “palavra do ano” pode ser feita a partir de hoje, no site da Porto Editora, e até ao dia 31, comprometendo-se a editora a fazer “o ponto de situação da votação” todas as sextas-feiras. A palavra vencedora será conhecida na primeira semana de Janeiro.
No ano passado a palavra vencedora foi “entroikado“, que sucedeu a “austeriadade“, eleita em 2011.
Relativamente à lista das dez palavras, a mesma fonte explicou que “não podia fazer parte nenhuma palavra que tivesse sido seleccionada nos anos anteriores”.
A escolha da palavra “bombeiro” deve-se ao facto de, “neste verão, os bombeiros portugueses terem demonstrado uma enorme coragem no combate aos violentos incêndios que destruíram florestas e roubaram vidas”, explicou a mesma fonte.
“O projecto-lei que possibilita a coadoção por casais do mesmo sexo, apesar de adiado, tem sido alvo de discussão há vários meses”, daí a escolha do termo “coadoção”.
“As corridas entraram na rotina de cada vez mais portugueses, que participam em número crescente nas muitas provas que são organizadas por todo o país”, daí a escolha do vocábulo “corrida”.
“‘Grandolada‘ surgiu como uma acção de protesto contra a austeridade e o Governo, e afirmou-se como tal pela sua originalidade”, enquanto “os sucessivos chumbos do Tribunal Constitucional a várias medidas apresentadas pelo executivo em funções incrementou a frequência do uso da palavra ‘inconstitucionalidade'”.
“Irrevogável“, foi como o então ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas “definiu a sua demissão que, no entanto, não se concretizou”, sendo actualmente vice-primeiro-ministro.
O cardeal Jorge Bergoglio, em Fevereiro passado, foi o primeiro latino-americano da história da Igreja Católica eleito papa, e daí a escolha da palavra, acrescentando a mesma fonte que “os primeiros meses de papado de Francisco têm surpreendido” e dado que falar.
Quanto à escolha de “piropo“, o ato é visto por alguns como galanteio e é entendido por outros como assédio verbal, “um tema que foi debatido por vários sectores da sociedade”.
“Com o fim do programa de intervenção previsto para meados de 2014, a grande preocupação da generalidade dos portugueses é o que se passará a seguir” e, por isso, “tanto se falar do pós-troika“, a nona palavra escolhida.
Quanto à selecção de “swap“, “apesar de ser uma palavra estrangeira e da sua especificidade, o vocábulo entrou nas conversas dos portugueses por causa das notícias sobre esse tipo de contratos”, justificou a mesma fonte.
Em 2009, quando se realizou pela primeira vez esta iniciativa, a “palavra do ano” foi “esmiuçar“. Em 2010, ano do campeonato do mundo de futebol na África do Sul, foi “vuvuzela“, em 2011, “austeridade“, que levou a melhor a “esperança“, classificada em segundo lugar, e, em 2012, “entroikado“, que recolheu 32% dos votos dos cibernautas.
/Lusa