José Sena Goulão / Lusa

Nuno Melo, ministro da Defesa Nacional
Ministro da Defesa protege primeiro-ministro e admite trocar caças americanos por aviões europeus e enviar tropas portuguesas para a Ucrânia num contexto de cessar-fogo.
Já de olho na campanha para as próximas eleições legislativas, Nuno Melo garante que está “de corpo inteiro” com o projeto da Aliança Democrática (AD). E cenários pós-eleitorais,”logo se vê”, mas na entrevista ao Público/Renascença esta quarta-feira, não quis fazer cenários — especialmente com a Iniciativa Liberal (IL).
Depois de a IL liderada por Rui Rocha se adiantar à coligação formada pelo PSD e CDS-PP, garantindo que vai sozinha às legislativas antecipadas de maio, e de Paulo Portas sugerir que o cenário ideal neste momento era uma coligação pré-eleitoral AD-IL, o ministro da Defesa diz querer a AD “a valer por si” e “sem depender dos outros”.
“Neste momento, a AD deve concentrar-se num esforço muito grande para que possa merecer e justificar um resultado que permita valer por si e não depender dos outros. Isso implica não ter muitas distrações e não falar de outros cenários. Falar de outros cenários porquê? Tenho de me concentrar num cenário que vai dar maior vantagem para um projeto político, que é o da AD”, adiantou.
Sobre o caso Spinumviva que envolve Luís Montenegro, já a ser averiguado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Melo defende que o primeiro-ministro “não fez nada de ilegal” e “não cometeu nenhum ilícito criminal”. E queixa-se do facto de uma “simples” denúncia anónima levantar um processo.
“Infelizmente, o nosso sistema judicial permite que uma denúncia anónima, por exemplo, garanta um processo e que alguém seja constituído arguido pela simples questão de uma denúncia anónima”, disse o líder do CDS-PP.
“O mundo já mudou”
Na área da Defesa, Nuno Melo falou sobre a questão da substituição das aeronaves F-16: não deve adquirir os F-35 aos Estados Unidos — “o mundo já mudou”.
“Os F-16 estão em fim de ciclo e teremos de pensar na sua substituição. Mas, nas nossas escolhas, não podemos ficar alheados da envolvente geopolítica. A recente posição dos Estados Unidos, no contexto da NATO e no plano geostratégico internacional, tem de nos fazer pensar sobre as melhores opções porque a previsibilidade dos nossos aliados é um bem maior a ter em conta”, revelou.
“Há várias opções que têm de ser consideradas, nomeadamente, no contexto de produção europeia e, também, tendo em conta o retorno que essas opções possam ter para a economia portuguesa”, diz: “o mundo já mudou”, e os EUA como aliado, “que ao longo de décadas foi sempre previsível, poderá trazer limitações na utilização, na manutenção, nos componentes, em tudo aquilo que tem a ver com a garantia de que as aeronaves serão operacionais e serão utilizadas em todo o tipo de cenários”.
Embora não tenha especificado, Nuno Melo deu a entender que alternativas francesas podem vir a ser consideradas.
E admite o envio de militares portugueses para a Ucrânia, mas só num contexto de cessar-fogo e de manutenção de paz.