
Vitor Escária exercia as funções de assessor económico no Gabinete do Primeiro-Ministro.
Juiz acredita que há indícios de crime, como recebimento indevido de vantagem, associados ao dinheiro. Escária também pediu pens e computador de volta: juiz não deu.
Foi há quase um ano e meio que as buscas realizadas no Palácio de São Bento, sede do Parlamento, as autoridades apreenderam envelopes com 75,8 mil euros em dinheiro que o antigo chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, guardava numa caixa de champanhe no seu gabinete.
Arguido na Operação Influencer — que fez cair o Governo de António Costa — por suspeitas de tráfico de influência, Escária pediu esse dinheiro de volta, mas o juiz de instrução da Influencer, Nuno Dias Costa, recusou, avança o jornal Expresso.
Apesar de não haver ligação direta com os crimes investigados na operação, há fortes indícios de crimes como recebimento indevido de vantagem associados ao dinheiro — que pode vir a ser declarado como perdido a favor do Estado.
Escária recorreu da decisão do juiz, alegando que o dinheiro estava relacionado com um trabalho de consultoria realizado em Angola e que foi pago em notas do Banco Central Europeu (BCE). A sua defesa disse que Escária se tinha “esquecido” que tinha guardado o montante no seu gabinete de trabalho. O juiz não ficou convencido.
Além do dinheiro, durante as buscas foram apreendidos dispositivos eletrónicos como um computador e várias pen drives, que Escária também pede de volta por serem essenciais para o seu trabalho. Mas, mais uma vez, o juiz recusou, porque estes objetos podem conter indícios relevantes para a investigação da origem do dinheiro apreendido.
A Operação Influencer, que investiga crimes de tráfico de influência e corrupção relacionados com Vítor Escária e outros, como o advogado Lacerda Machado, conselheiro próximo de António Costa — ouvido, mas não acusado, até hoje, pelo Ministério Público — ainda está em curso e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) ainda não concluiu o processo.
O novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, prometeu acelerar a conclusão dos casos mais sensíveis, mas tais progressos ainda não se verificaram.
Crise no Governo
-
7 Março, 2025 Escária pediu de volta os 75 mil euros que tinha em São Bento, mas juiz não devolveu
-
13 Novembro, 2024 Operação Influencer: quebras de selo “acidentais” põem provas em risco