Com o ambiente geopolítico cada vez mais tenso e com um novo chanceler à vista, a Alemanha prepara-se para aumentar a produção de armas.
O efeito Donald Trump parece estar a obrigar os países europeus a reforçar a defesa e a abandonar a dependência da proteção dos EUA.
Ainda esta sexta-feira, o primeiro-ministro português Luís Montenegro disse que a Europa não pode “perder mais tempo” a tornar-se competitiva.
Os primeiros passos não deverão ser dados, naturalmente, pelos ‘pés de Portugal’. No entanto, o pensamento entre a generalidade dos líderes do Velho Continente é comum – é preciso investir em defesa.
O provável novo chanceler alemão Friedrich Merz havia dito, antes das eleições, que a grande prioridade do seu mandato seria reforçar a defesa, para abandonar de vez a dependência dos EUA.
“Para mim, será uma prioridade absoluta reforçar a Europa o mais rapidamente possível, para que, passo a passo, deixemos realmente de estar dependentes dos Estados Unidos”, afirmou.
Mudança está em curso
Como aponta o El Condifencial, as mudanças entre grandes empresas europeias já estão em curso – especialmente na Alemanha.
Um grande exemplo disso é a Rheinmetall – o maior fabricante de armas da Europa. A empresa alemã anunciou uma reorganização das suas instalações de Berlim e Neuss.
As fábricas supramencionadas, que até agora fabricavam peças para automóveis, passarão também a produzir munições e outro material de defesa, e funcionarão como fábricas híbridas.
Entretanto, a empresa esclareceu à Reuters que as instalações serão utilizadas para produzir componentes de proteção e mecânicos para uso militar, mas não explosivos.
“É hora de atuar”
“Estamos bem preparados e não há razão para sermos tímidos”, anunciou o diretor-executivo da Rheinmetall, Armin Papperger, citado pelo El Confidencial.
O CEO da empresa acrescentou ainda que “a Europa de atuar agora, para garantir a própria segurança”.
E a Rheinmetall não é a única empresa alemã a reestruturar as transformar os seus espaços em fábricas para produção militar.
No início deste mês, a KNDS Deutschland anunciou a sua intenção de converter a sua fábrica de carruagens ferroviárias em Goerlitz, no leste do país, para a produção de veículos blindados.
Trump tem feito pressão para que a Europa gaste mais com a Defesa – e parece estar a resultar. Esta terça-feira, precisamente dois dias antes de visitar o presidente norte-americano na Casa Branca, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, anunciou um “grande desvio” do seu Orçamento para a Defesa.
É o maior aumento desde o fim da Guerra Fria na despesa em Defesa dos britânicos. Para isto, Starmer cortou a ajuda a países em desenvolvimento.
“Este aumento, a curto prazo, só pode ser financiado através de escolhas difíceis. Isso significa que reduziremos a nossa despesa com a ajuda ao desenvolvimento, passando dos atuais 0,5% do Rendimento Nacional Bruto [RNB] para 0,3% em 2027″, esclareceu o primeiro-ministro britânico, na terça-feira.
“Temos de mudar a nossa postura em matéria de segurança nacional porque um desafio único exige uma resposta única“, disse.
Esta necessidade agigantou-se ainda mais, depois de, esta sexta-feira, de forma algo inesperada, o acordo para a paz na Ucrânia ter levado um grande abanão.
A tão esperada conversa entre Donald Trump e Volodymyr Zelenskyy na Casa Branca foi marcada por um clima de ‘alta tensão’. O presidente dos Estados Unidos acusou o homólogo ucraniano de estar a brincar com a III Guerra Mundial.
Humilhado, o presidente ucraniano foi embora, sem assinar o acordo, depois de Trump ter suspendido as negociações.
Europa unida, jamais será vencida!