Golo ao “cair do pano”? Nunca sabemos quando o teatro vai a meio

Estela Silva / Lusa

João Pinheiro expulsa Matheus Reis, depois de se aperceber que lhe tinha dado dois amarelos

O ‘clássico’ entre FC Porto e Sporting parecia muito calmo… de estranhar… Até chegar o tempo de compensação. Houve um golo do empate ao “cair do pano”; mas, afinal, o teatro nem ia a meio.

FC Porto e Sporting empataram 1-1, na noite desta sexta-feira, em jogo a contar para a 21.ª jornada da I Liga.

Mas… dar nota, antes de mais, à homeagem aos jogadores de andebol do FC Porto que conseguiram o honroso quarto lugar no Mundial, antes do início da partida.

Os nossos craques só tiveram azar no timing em que o tribudo aconteceu… “Desafortunadamente”, o momento coincidiu com a entrada dos jogadores do Sporting para o aquecimento – o que gerou mais assobios do que aplausos.

Afinal, o futebol e as disputas internas continuam a “valer” mais do que qualquer coisa boa no nosso desporto…

O “puto” deu espetáculo

Agora, sim, o futebol: a primeira parte teve poucas oportunidades de golo, mas não foi nada aborrecida. As duas equipas apareceram no Clássico muito aguerridas e intensas.

O Sporting entrou a controlar o jogo e conseguiu encostar o FC Porto atrás. Este cenário não pareceu ser de todo desconfortável para Martín Anselmi.

Os dragões iam espreitando o erro dos leões e, sempre que podiam, saíam para o contra-ataque. As duas primeiras grandes oportunidades de perigo foram, precisamente, do FC Porto. As duas ao minuto 27: Primeiro, Eustáquio rematou à barra, mas o Sporting sacudiu; Depois o Porto voltou à carga, mas Samu, que tinha visto Rui Silva adiantado, rematou logo do meio campo. A bola passou por cima, mas foi o suficiente para empolgar os adeptos, os jogadores e Martín Anselmi que viu a sua equipa, finalmente, por cima no jogo.

E quando o FC Porto estava a conseguir equilibrar o jogo, Quenda partiu a louça toda e o golo finalmente apareceu.

Depois de uma jogada individual pelo lado esquerdo, o “puto” de 17 anos driblou a equipa portista, chegou à linha, deu para trás e ninguém apareceu… ou parecia que não… Do nada, um héroi improvável: Fresneda veio da ala contrária para finalizar e não vacilou. O lateral espanhol que, no início da época, com Rúben Amorim, parecia descartado da equipa, marcou pelo segundo jogo consecutivo.

Leão enjaulado pelo dragão

Na segunda parte, a contrariar a tendência da primeira, só deu FC Porto. Ao minuto 58, Tiago Djaló meteu a bola dentro da baliza do Sporting, na sequência de um pontapé de canto, mas não valeu… o central do FC Porto estava fora de jogo.

Os azuis-e-brancos continuaram a ameaçar e Martín Anselmi não se ensaiou em tirar jogadores da defesa para lançar atacantes: lançou Fábio Vieira e tirou Nehuen Peréz; lançou Gonçalo Borges e tirou Francisco Moura; lançou William Gomes e tirou João Mário; e lançou Danny Namaso e tirou Alan Varela. O Sporting foi “enjaulada” pelo dragão, mas Rui Borges optou por não mexer muito no sistema.

Ao FC Porto só faltava mesmo encontrar-se com a baliza. A oportunidade mais flagrante saiu da cabeça de Pepê, após um cruzamento do lado direito. Mas Rui Silva negou o golo com uma grande defesa. Rodrigo Mora e a sua magia no pé bem tentaram replicar aquilo que o “puto” do outro lado tinha feito na primeira parte… mas nada…

Perto do minuto 70, Gyokeres entrou e surtiu logo efeito. Na primeira vez que tocou na bola, o avançado sueco rasgou pelo meio, desde o meio campo, serviu Quenda à esquerda, que atirou por cima.

Pareceu que houve, nos 49.193 adeptos do Dragão, um sentimento geral que se dizia: “podia-se ter virado isto antes de entrar Gyokeres…”. De facto, o número 9 dos lisboetas tinha marcado sempre que defrontou o FC Porto para o campeonato.

Ao minuto 74, o sueco voltou a causar perigo, O Sporting reclamou pénalti, mas João Pinheiro, em campo, e Tiago Martins, no VAR, disseram que não.

E eis que se acaba a “calmaria”…

O FC Porto tentou, tentou, tentou… e conseguiu empatar o jogo, no tempo de compensação. No loooongo do tempo de compensação – diga-se (já lá vamos).

Com o “modo chuveirinho” ligado, Fábio Vieira serviu Samu que apareceu ao segundo poste. O avançado espanhol, como é apanágio, finalizou? Não, serviu Danny Namaso que fez o merecido golo da igualdade, mesmo ao “cair do pano”. Ou não, porque o “teatro” ainda ía a meio…

Na resposta, o Sporting chegou com força ao ataque, reclamou penálti, mas João Pinheiro deu canto – o que motivou protestos por parte dos leões.

Matheus Reis levou logo amarelo. Depois, João Pinheiro deslocou-se ao banco de suplentes do Sporting que estava todo em pé a protestar. Distribuiu amarelos, até a Matheus Reis… outra vez… só que se esqueceu.

O lateral do Sporting aproveitou e fez-se de despercebido. Voltou para a área, à espera do pontapé de canto. Só passado alguns segundos, o árbitro foi ter com ele para lhe dar o vermelho. E, agora, sim, vamos ao canto? Não… A confusão voltou.

Diomande agrediu Fábio Vieira e levou vermelho direto. Outra vez confusão.

E o canto?

Agora, sim, canto batido, Sporting com 9 jogadores e fim de jogo, no Estádio do Dragão. Quase que deu a sensação de que o tempo de compensação durou tanto como os 90 minutos anteriores.

De facto, já estávamos a estranhar tanta calma – contra aquela que tem sido a tendência dos últimos clássicos entre FC Porto e Sporting

Com este resultado o Sporting mantém a liderança do campeonato, com 51 pontos – mais 7 do que o Benfica que entra em campo este sábado frente ao Moreirense; e mais 8 do que o FC Porto que permanece em terceiro lugar.

Não foi desta que o FC Porto perdeu em casa, esta época, para o camopeonato – apesar de não ganhar há dois jogos (e há cinco, no geral).

O Sporting, por seu turno, continua sem conseguir vencer no Dragão. A última vez foi em abril de 2016 – a única vitória nas últimas 18 deslocações.

Miguel Esteves, ZAP //

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