Não é só na Europa, China, México ou Canadá: o próprio setor automóvel norte-americano teme que as tarifas impostas por Donald Trump, que entram em vigor esta terça-feira, provoquem um colapso na produção automóvel, dentro de poucas semanas.
Este domingo, Donald Trump reafirmou que, depois da China, México e Canadá a União Europeia “tem de pagar” pelo “défice comercial” que criou, ao longo dos últimos anos, para com os EUA.
Depois da ameaça, os mercados bolsistas do setor automóvel abriram, a manhã desta segunda-feira, com perdas generalizadas de marcas como a Mercedes, a BMW e a Volkswagen.
A solução para o Presidente norte-americano é “carregar” nas tarifas – com o setor automóvel a ser especialmente visa. No entanto, os próprios EUA deverão prejudicados.
Em entrevista à emissora pública canadiana CBC, Brian Kingston, presidente da Associação Canadiana de Fabricantes de Veículos (CVMA) – que inclui a General Motors, a Ford e a Stellantis – afirmou que a indústria “enfrenta potenciais crises na América do Norte, não apenas no Canadá e no México, mas também nos Estados Unidos”.
Brian Kingston acrescentou que as taxas aduaneiras impostas pelo Presidente dos EUA resultarão em destruição de emprego e em aumentos de “milhares de dólares” nos preços dos carros para os consumidores norte-americanos.
Opinião semelhante expressou o presidente da Associação de Fabricantes de Peças de Automóveis (APMA), cuja organização reúne dezenas de fabricantes de componentes no Canadá. Flavio Volpe previu que “a produção de peças e veículos na América do Norte parará” dentro de poucos dias.
Linda Hasenfratz, presidente de um dos mais importantes membros da APMA, a fabricante Linamar, estimou mesmo ao jornal canadiano The Globe and Mail que a produção norte-americana vai parar em uma semana.
“Vai criar um custo exorbitante e os nossos clientes não vão conseguir absorvê-lo. Os consumidores, claro, não vão pagar e a procura vai desintegrar-se“, disse.
Nos Estados Unidos, a MichAuto (associação de produtores do setor no estado de Michigan) criticou as tarifas e alertou para os “danos colaterais” que irão provocar.
“As nossas economias estão intimamente ligadas”, disse o presidente executivo da MichAuto, Glenn Stevens, em comunicado, referindo-se ao Canadá.
De momento, 40% da produção norte-americana da General Motors é feita no Canadá e no México. Só no México, a General Motors produz cerca de 845 mil veículos, a maioria dos quais exporta para Estados Unidos e Canadá.
A Ford produz mais de 350 mil automóveis no México, que são exportados para os Estados Unidos, e a empresa japonesa Nissan produz 326 mil.
ZAP // Lusa