Imigrantes ilegais deportados dos EUA, entram num avião militar com as mãos e os pés algemados, e correntes em torno da cintura.
Os EUA já deportaram centenas de imigrantes ilegais desde a tomada de posse de Donald Trump em 2025. Mas quem são estas pessoas, de onde vieram e são, ou não, criminosos?
Não há dados oficiais agregados com o número total de deportados desde o início do ano no âmbito da iniciativa de deportação em massa encetada por Donald Trump desde a sua tomada de posse, a 20 de janeiro passado.
Mas o Immigration and Customs Enforcement (ICE), os serviços de Imigração e Alfândega norte-americanos, revelaram nesta terça-feira, 28 de Janeiro, que foram detidos 5.537 imigrantes ilegais, e emitidos mais 3.519 pedidos de mandados de prisão.
Já o The New York Times (NYT) adianta que, em apenas uma semana, foram detidos “5.500 imigrantes criminosos”, incluindo “dezenas de membros do cruel gangue venezuelano Tren de Aragua” e “vários membros do gangue MS-13” que tem ligações a imigrantes de El Salvador.
São gangues conhecidos pela violência extrema, e pelo envolvimento em tráfico de drogas e de armas.
Entre os detidos estarão também dezenas de imigrantes ilegais procurados por homicídio, rapto e abuso sexual de crianças, bem como suspeitos de ligações a grupos terroristas como o Daesh.
Um dos exemplos que o jornal dá é o de um perigoso imigrante das Honduras já condenado por violação de uma menor de 13 anos, e que já terá sido deportado quatro vezes, continuando sempre a regressar aos EUA através da fronteira sul do país.
Haverá ainda outro membro de um gangue mexicano que terá sido deportado oito vezes.
O ICE tem partilhado na rede social X, as detenções diárias, bem como fichas de alguns dos imigrantes criminosos detidos, listando os crimes de que são suspeitos, ou por que foram condenados.
— U.S. Immigration and Customs Enforcement (@ICEgov) January 29, 2025
“Folha de alvos” com 700 mil imigrantes “criminosos”
A Presidência de Trump definiu um “objetivo” diário de, pelo menos, 75 detenções em cada um dos 25 centros do ICE espalhados pelo país – dá um total de 1.875 pessoas por dia.
O denominado “czar das fronteiras“, Tom Homan, revelou que os agentes do ICE têm uma “folha de alvos”, com imigrantes ilegais com antecedentes criminais. O objectivo é capturar primeiro estes indivíduos que são uma ameaça à segurança pública do país e que rondarão as 700 mil pessoas, segundo o NYT.
Mas qualquer imigrante ilegal corre o risco de ser detido e posteriormente deportado.
Entre estes imigrantes identificados como “criminosos” estarão pessoas que cometeram crimes relacionados com infracções de trânsito, como conduzir sem carta ou com um farol partido, ou ignorar um sinal de trânsito.
A falta de documentos impede muitos imigrantes de obterem a carta de condução em vários estados norte-americanos.
Pode também haver casos de imigrantes deportados que voltaram a entrar ilegalmente no país, o que já passa a ser um crime – a imigração ilegal em si é considerada uma ofensa civil, não crime.
O número de imigrantes ilegais que está, actualmente, em solo americano não é claro – muitos deles não têm existência no país, vivendo completamente à margem.
Mas muitos deles pagam impostos, apesar de não terem a situação legalizada.
Com base nos dados existentes, o Centro de Pesquisa Pew aponta que há 11 milhões de imigrantes irregulares identificados. Mas as organizações humanitárias acreditam que o número pode chegar aos 14 milhões de pessoas.
Seis milhões de pessoas têm autorizações de residência temporárias, entre as quais alguns requerentes de asilo político (2.6 milhões).
Os mexicanos representam a maior comunidade entre os imigrantes ilegais com 40% do total.
360 portugueses aguardavam deportação
Olhando para os dados oficiais do ICE até 2024 – os números de 2025 ainda não foram disponibilizados -, é possível confirmar que em Outubro do ano passado, estavam detidos 277.913 imigrantes irregulares nos EUA, dos quais 181.106 por violações relacionadas com a lei de imigração, 26.528 enfrentavam acusações criminais e 70.279 tinham sido condenados por crimes.
Entre estes, havia 65 cidadãos portugueses, 33 dos quais por documentos irregulares, 13 envolvidos em processos criminais e 19 condenados por crimes.
É importante destacar que os imigrantes irregulares detidos não são automaticamente deportados. Há um processo burocrático que é preciso seguir.
Neste âmbito, em Novembro de 2024, havia 1,45 milhões de imigrantes irregulares com as ordens finais de deportação, mas que não se encontravam detidos, conforme adianta um documento oficial do ICE.
Nesta lista, aparecem 360 portugueses, mas também cidadãos canadianos (1290), britânicos (1157), alemães (571), franceses (402), espanhóis (364), italianos (355), gregos (211), holandeses (184), suecos (120), belgas (46), dinamarqueses (45), noruegueses (39) e finlandeses (22).
Há ainda 8 cidadãos de Malta e mais 8 da Islândia, e Mónaco, Liechtenstein e São Tomé e Príncipe aparecem com um cidadão cada com deportação confirmada. Já São Marino tem dois cidadãos para serem deportados.
Mas há também 662 angolanos, 314 cabo-verdianos, 48 cidadãos da Guiné-Bissau, 14 moçambicanos e 38.677 imigrantes brasileiros.
A liderar a lista que data de Novembro de 2024 aparecem Honduras e Guatemala como os países com mais cidadãos com ordens finais de deportação:
1. Honduras – 261.651 imigrantes irregulares com deportação confirmada
2. Guatemala – 253.413 imigrantes
3. México – 252.044 imigrantes
4. El Salvador – 203.822 imigrantes
5. Nicarágua – 45.995 imigrantes
6. Cuba – 42.084 imigrantes
7. Brasil – 38.677 imigrantes
8. China – 37.908 imigrantes
9. Haiti – 32.363 imigrantes
10. Equador – 31.252 imigrantes.
Deportados 69 portugueses em 2024
Em 2024, os EUA deportaram para Portugal 69 imigrantes irregulares. “Foi um dos anos em que houve mais deportações“, conforme revelou à CNN Portugal a antiga secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes.
Destes 69 portugueses, 28 deportações estavam relacionadas com a prática de crimes e 41 deveram-se a violações das regras de imigração, segundo dados estatísticos divulgados pelo ICE.
EUA deportaram mais de 270 mil pessoas em 2024
No ano passado, durante a administração de Joe Biden, foram deportadas 271.484 pessoas dos EUA, das quais 88.763 tinham cometido crimes, ou estavam acusadas. Já 182.721 deportações deveram-se apenas a situações de imigração irregular.
A maioria dos deportados eram provenientes do México (87.298 deportados, dos quais 50.448 tinham estado envolvidos em crimes), seguindo-se a Guatemala com 66.435 deportados, dos quais 53.174 por imigração ilegal.
As Honduras receberam 45.923 deportados, dos quais 35.175 por imigração ilegal, e El Salvador acolheu 15.284 deportados, 11.365 por falta de documentos.
Para a Colômbia foram deportadas 14.268 pessoas, das quais 12.568 devido à situação de imigração irregular. E o Equador recebeu 12.921 deportados, dos quais 11.700 por violação da lei da imigração.
Em 2024 e em 2023, as deportações de imigrantes irregulares aumentaram de forma significativa, sobretudo no ano passado, passando de 142.580 para 271.484, segundo os dados disponibilizados pelo ICE.
Foram deportadas 72.177 pessoas em 2022, e 59.011 em 2021.
A maioria das deportações em 2022 e em 2021, estiveram relacionadas com a prática de crimes.
Mas em 2023, começou a verificar-se uma tendência inversa, com as deportações a serem, sobretudo, devido à ausência de documentos, ou devido a papéis irregulares.
Obama tem recorde de deportações
Mas foi durante as presidências de Barack Obama (2009-2017) que se deportaram mais imigrantes irregulares num total de mais de três milhões de pessoas.
O recorde em termos de deportações num único ano, é também de Obama, com mais de 433 mil deportados em 2013.
Durante a primeira presidência de Donald Trump, entre 2016 e 2021, foram deportados 1,19 milhões de imigrantes irregulares.
É importante ainda notar que estes números não contabilizam os 2,96 milhões de imigrantes sem documentos deportados ao abrigo do chamado “Título 42” que foi imposto durante a pandemia de covid-19, entre 2020 e 2023, para acelerar as expulsões do país por razões de saúde pública.
Muitos destes imigrantes foram deportados quando foram apanhados na fronteira, a passar de forma ilegal para os EUA.
A estratégia de Trump passa por apanhar os imigrantes nas suas casas e nos locais de trabalho, visando mesmo aqueles que vivem há vários anos no país. E o objectivo é atingir um novo recorde em termos de deportações.
Eu lembro de um filme dos anos 90, em que uma personagem grita “Imigração”, e meia dúzia de pessoas sai correndo. Essas deportações sempre aconteceram, e os imigrantes ilegais sabem que são ilegais, para o bem ou para o mal.
Siga! Estou a adorar ver TODAS as promessas da campanha serem integral e escrupulosamente cumpridas! Agora quero ver onde param os dems e libtards, que choram pelo seu “povo” estar ser hostilizado e deportado! A Kamala permitiu este regabofe, como incompetente que é, ao abrir o país sem regras nem controlo! O Tom Homand nem lhes vai dar ar! E a AOC que vá para as Honduras ou raio que a parta! MAGA, MASA! MAHA! GO TRUMP!