Como nasceu a nação mais antiga da Europa (não, não é Portugal)

Alessandro Cesarano / Pexels

Paisagem em São Marino com castelo e muralhas no topo de montanha.

Città di San Marino em São Marino.

Portugal é considerado, muitas vezes, o país mais antigo da Europa. Contudo, São Marino existe como nação independente há muito mais tempo, graças a uma história que começou com um pedreiro em fuga.

A fundação do Reino de Portugal data de 1139, e as fronteiras do nosso país estão estabilizadas desde o século XIII. Por isso, é considerado o país mais antigo da Europa.

Contudo, Portugal perdeu a sua independência durante 60 anos, entre 1580 e 1640, após o rei espanhol Filipe II (Filipe I de Portugal) ter ocupado o trono na sequência do desaparecimento de D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. O rei português morreu sem herdeiros, deixando um vazio no trono.

A independência dos espanhóis foi recuperada em 1640, durante a Guerra da Restauração, quando D. João IV liderou uma revolução.

São Marino é a “república mais antiga do mundo”

Deste modo, São Marino é o estado soberano mais antigo da Europa, tendo mantido sua independência desde a sua fundação em 301 depois de Cristo.

Este “microestado sobreviveu ao longo dos séculos, apesar dos perigos da história, salvaguardando a sua autonomia e liberdade“, vinca-se no livro “São Marino – História da república mais antiga do mundo” de Antonio Stolfi.

É um dos mais pequenos países do mundo e será também um dos mais antigos estados soberanos do mundo.

País nasceu com a fuga de um pedreiro

O pequeno país de 61 km² nasceu por causa da fuga de um pedreiro chamado Marino (daí o nome da pequena República), que teve de abandonar a ilha de Rab, situada onde é, actualmente, a Croácia.

Marino fugiu de perseguições religiosas promovidas pelo imperador romano Diocleciano, e refugiou-se no Monte Titano, o ponto mais alto do actual São Marino, elevando-se a cerca de 739 metros acima do nível do mar.

Foi neste monte que é, actualmente, Património Mundial da UNESCO que Marino fundou uma pequena comunidade cristã, construindo uma capela e um mosteiro. E foi aí que viveu até o fim dos seus dias como eremita.

A capela e o mosteiro tornaram-se no centro do que viria a ser o estado soberano de São Marino.

A comunidade criada por Marino funcionava com uma espécie de “governo da montanha” que era liderado pelos chefes de família e que se reuniam numa assembleia chamada “Arengo”.

Nestas reuniões, os cidadãos discutiam e decidiam sobre questões importantes para a comunidade. Tratava-se de uma forma de democracia direta, onde podiam votar nas decisões.

O respeito até de Napoleão Bonaparte

Desde então, São Marino manteve a sua independência, apesar de várias tentativas de anexação ao longo dos séculos.

“A independência de São Marino é um fenómeno único, excepcional, quase inconcebível, uma história que impõe admiração e sobretudo todo o respeito”, vinca-se no livro de Antonio Stolfi já citado.

Liberdade essa que foi “reconhecida e respeitada” por Napoleão Bonaparte em 1796, e por “todos os governos franceses” que se lhe seguiram, “pelo Congresso de Viena em 1815” e “por Abraham Lincoln em 1861″, aponta ainda Stolfi no seu livro.

Durante as duas grandes Guerras Mundiais, São Marino manteve-se neutro.

O pequeno país é totalmente rodeado por Itália, tem uma população de cerca de 30 mil habitantes, e uma economia que assenta no turismo, na indústria e no comércio.

São Marino tem como lema nacional “Libertas” (ou seja, “liberdade” em Latim), que foi inspirado nas últimas palavras de Marino.

Susana Valente, ZAP //

 

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