Entre 2018 e 2023, o absentismo dos trabalhadores da Saúde correspondeu à “quebra estimada” de 17500 profissionais. As ausências foram aumentando ao longo dos anos, mas em 2024 baixaram.
Um estudo do Centro de Planeamento e de Avaliação de Políticas Públicas mostra que, em média, os trabalhadores do SNS faltaram 5 semanas ao trabalho, para além das folgas e férias a que têm direito, de acordo com dados recolhidos entre 2018 e 2023.
O objetivo da investigação foi despoletar no Ministério da Saúde “uma reflexão mais detalhada para aferição das causas subjacentes ao absentismo e sua evolução, e para a identificação e consensualização de medidas de política pública para a mitigação deste fenómeno“, lê-se no site.
Ao longo dos 6 anos analisados pelo estudo, houve um aumento gradual do número de ausências: passaram de 3,2 milhões por dia em 2018 para quase 4 milhões em 2023, denota o jornal Público. Em 2023, a média de ausências por ano era de 26 dias.
O número é elevado quando comparado com a média nacional, que em 2023, de acordo com a revista Forbes, era de 24 faltas ao trabalho por ano.
Este absentismo corresponde, segundo o relatório, a uma “quebra estimada” de 17.500 profissionais no SNS, equiparando essas faltas ao número de horas de trabalho de um profissional.
Mas o verdadeiro pico (29 dias de ausência por ano) foi em 2022, e a culpa terá sido da pandemia. “Os dados mostram claramente o impacto da pandemia no aumento das ausências ao trabalho, com uma redução em 2021-22 no pós-COVID, mas ‘estabilizando’ a níveis superiores aos verificados pré-pandemia”, explica o relatório.
No entanto, de acordo com a CNN, 2024, ano não contabilizado no estudo, foi um ano de queda das ausências. O número de faltas ao trabalho baixou para níveis pré-pandemia.
Apesar de tudo, garante ao Público o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, estes dados “devem ser olhados com preocupação”, e acrescenta: ” imagino que esteja relacionado com fenómenos de burnout e sobrecarga de trabalho”.
As mulheres são quem mais falta ao trabalho (mas há mais mulheres do que homens a trabalhar no SNS), por motivos de prestação de apoio aos filhos (e quem o faz mais por este motivo são mulheres mais jovens, abaixo dos 45 anos).
O relatório menciona que estes dados devem ser cuidadosamente olhados, por forma a evitar uma “rutura de serviços de saúde e de sobrecarga dos profissionais”.