O novo secretário-geral da NATO pede “ação urgente” da Europa, que deve “mudar para uma mentalidade de guerra”.
Na primeira aparição pública em Bruxelas desde que se tornou chefe da aliança de defesa, Mark Rutte foi claro sobre a necessidade de um aumento dos orçamentos militares, depois de o Financial Times ter noticiado que a NATO vai estabelecer um novo objetivo de despesa de 3% do PIB até 2030.
O atual compromisso da Organização do Tratado do Atlântico Norte — cumprido por todos os membros à exceção de oito — é gastar pelo menos 2% do PIB na defesa, explica o Politico.
“É verdade que gastamos mais em defesa agora do que há uma década”, disse Rutte. “Mas ainda estamos a gastar muito menos do que durante a Guerra Fria. Apesar de as ameaças à nossa liberdade e segurança serem igualmente grandes — se não maiores”.
“Durante a Guerra Fria, os europeus gastaram muito mais do que 3% do seu PIB na defesa”, afirmou o antigo primeiro-ministro holandês. E tem razão nos números: o início dos anos 80, antes do colapso da União Soviética, os membros europeus da NATO gastavam em média cerca de 3,8% do PIB em defesa.
Mark Rutte disse ainda que é necessário “mudar para uma mentalidade de guerra” e “turbinar” a produção e as despesas com a defesa. Chamou a atenção para o facto de os 2% do PIB que a maioria dos aliados da NATO gasta com a defesa não serem o suficiente para, a longo prazo, dissuadir potenciais adversários, conta a Euronews.
A Comissão Europeia estima que as despesas com a defesa da UE na próxima década devem aumentar em 500 mil milhões de euros.
O Comissário Europeu para a Defesa, Andrius Kubilius, disse ao Político, noutro artigo, no início de dezembro que cerca de 100 mil milhões de euros deveriam ser destinados à defesa no próximo orçamento de longo prazo da UE — acima dos 10 mil milhões de euros do orçamento atual. As despesas militares deveriam ser excluídas dos limites da UE em matéria de dívidas e défices nacionais.
O ministro das Finanças polaco, Andrzej Jan Domański, garantiu ainda esta semana que estão em cima da mesa duas opções para o financiamento conjunto da UE: em primeiro lugar, os países da UE poderiam emitir dívida comum, embora isso exigisse uma decisão unânime difícil de alcançar.
Uma segunda via seria a criação de um veículo de finalidade específica que os países poderiam apoiar numa base voluntária.
“Abraçar o risco exige que vocês, governos, mudem as regras antiquadas dos contratos públicos”, disse também Rutte, referindo-se à necessidade de abandonar os “requisitos pormenorizados”.
Aos fabricantes de armas, sugere que se “atrevam a inovar e a correr riscos! … Façam turnos adicionais e novas linhas de produção!”.
“Não estamos preparados para o que nos espera daqui a quatro ou cinco anos“, rematou.