A rede criminosa lucrava milhões de euros a fazer entrar migrantes ilegais na Europa e Estados Unidos. Europol fez 26 detidos.
Uma rede criminosa terá trazido para a Europa, Reino Unido e América do Norte, desde 2022, vários milhares de migrantes, assegurando-lhes bilhetes de avião, documentos falsos e outros recursos que facilitaram as suas viagens ilegais.
Estima-se que os lucros que somaram, obtidos ilegalmente, contabilizem várias centenas de milhões de euros.
De acordo com um comunicado da Europol, a investigação liderada pela França e que já deteve 26 pessoas focou-se em “vários grupos criminosos interligados que faziam contrabando de migrantes do subcontinente indiano (Índia, Sri Lanka e Nepal)”.
“Portugal, através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da Polícia Judiciária (PJ), participou na operação “Colombo”, liderada por França, com o apoio da Europol, que resultou no desmantelamento de uma grande rede criminosa de tráfico de seres humanos e de branqueamento de capitais”, lê-se num comunicado da PJ.
No grupo contavam-se 13 presumíveis passadores e 6 intermediários financeiros. Estes últimos faziam parte de uma rede hawala (um sistema popular e informal de transferência de valores) que se suspeita ter transferido anualmente mais de 50 milhões de euros em ativos criminosos para a rede de tráfico de migrantes.
Na rede de contrabando estava até um padre, que participou na rede hawala
e utilizou um templo para recuperar o dinheiro do tráfico de migrantes.
Utilizando uma empresa legítima como fachada, a rede utilizava os seus ativos “limpos” para expandir as suas atividades, empregando simultaneamente migrantes em situação irregular e pagando-lhes salários significativamente inferiores aos salários normais do sector.
“Na operação foram apreendidos vários imóveis (sete moradias e quatro lojas) no valor aproximado de 2,5 milhões de euros, 25 contas bancárias com mais de 150 mil euros, 121 mil euros em criptomoedas, seis veículos luxuosos no valor de cerca de 110 mil euros, ouro e joias avaliados em mais de 4,5 milhões de euros, 1700 em vouchers de restaurante, maquinaria para a produção de joalharia com valor estimado em meio milhão de euros e 320 mil euros em dinheiro“, conta a PJ.