Clima aquece na COP29. O Azerbaijão atirou o fósforo e Macron ateou o incêndio

Igor Kovalenko / EPA

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, na COP29

Os franceses vão fazer boicote ao evento de discussão climática após o presidente do Azerbaijão ter chamado colonialista a Macron. Na discussão do acordo de Paris, não há sinais de parisienses.

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse esta quarta-feira que a França e a Holanda eram “neocolonialistas“, facto que relacionou com as alterações climáticas.

“Os chamados territórios ultramarinos da França e dos Países Baixos, especialmente nas Caraíbas e no Pacífico, estão entre os mais afetados” pela poluição, disse o azerbaijanês.

Aliyev acusou a França de causar “degradação ambiental” nesses territórios, que descreveu como “colónias”, referindo-se aos testes nucleares levados a cabo na Polinésia Francesa e na Argélia.

O presidente do Azerbaijão acusou ainda o governo de Emmanuel Macron de ter responsabilidade nas explosões violentas que ocorreram na Nova Caledónia no início deste ano.

De acordo com o Politico, o caso da Nova Caledónia, território ultramarino francês, “toca num nervo sensível em França”. Em maio, 13 pessoas morreram na ilha em confrontos com a polícia após uma alteração constitucional suportada por Paris e condenada por ativistas.

Os franceses não gostaram do tom, e acabaram por decidir tomar uma atitude: fazer boicote à cop29. Macron tinha já anunciado que não marcaria presença no evento, mas agora foi a Ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, que se opôs a deslocar-se a Baku.

“Após discussão e acordo com o Presidente da República e com o Primeiro-Ministro, não irei a Baku na próxima semana”, anunciou, citada pelo Politico, referindo-se ainda às declarações do presidente azerbaijanês como “inaceitáveis” e “injustificáveis”.

É, então, o primeiro ano desde 2015, altura em que a França ajudou a desenvolver o Acordo de Paris que visa travar o aquecimento global, em que a França não participa numa COP.

As relações dos dois países já têm mostrado ser muito amargas, desde que a França, no ano passado, decidiu apoiar militarmente os grandes rivais do Azerbaijão, os arménios.

Mas também aos holandeses a referência não caiu bem. Um porta-voz do Ministério das Relações Externas holandês, citado pelo Politico, rejeitou “categoricamente” as acusações e criticou as “visões infundadas sobre a repressão” exibidas por Aliyev.

Pannier-Runacher, a ministra francesa, também descreveu o apoio do país anfitrião da COP29 aos combustíveis fósseis, que constituem grande parte das exportações do país, como “inaceitável”.

Na COP29, muitas têm sido as ausências, mas também as presenças indesejadas num evento que quer, acima de tudo, reduzir o aquecimento global. Como se, em Baku, o clima não estivesse já suficientemente quente.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.