“Estamos prestes a ficar sem comida”. O que se passa na Nova Caledónia?

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Mohammed Badra/EPA

Steve Chailloux, deputado da Assembleia da Polinésia Francesa, numa manifestação convocada por ativistas caledónios em solidariedade com o povo Kanak, na Place de la Republique em Paris, França.

Novo (e polémico) projeto lei francês despoletou bloqueios de estradas , incêndios e motins que já fizeram cinco mortos. França prepara “grande operação” para “restabelecer a ordem republicana.”

O primeiro-ministro australiano disse esta segunda-feira que a situação na Nova Caledónia era “realmente preocupante”, numa altura em que a Austrália tenta retirar os seus cidadãos do território ultramarino francês, após uma semana de tumultos.

“As autoridades francesas têm-nos fornecido atualizações regulares. A situação é realmente preocupante“, declarou Anthony Albanese à televisão australiana ABC.

O chefe do governo disse que Camberra identificou 300 australianos que demonstraram vontade de abandonar a Nova Caledónia, onde todos os voos estão suspensos desde terça-feira.

A Austrália e a Nova Zelândia solicitaram durante o fim de semana autorização às autoridades do arquipélago para aterrarem aviões para repatriar os seus cidadãos.

“A Força Aérea Australiana está certamente pronta para descolar (…). A situação no local impede voos de momento, mas continuamos a solicitar autorização”, acrescentou Albanese.

Dois turistas australianos, Maxwell e Tiffany Winchester, disseram à agência de notícias France Presse que estavam retidos desde terça-feira, dia em que deveriam ter partido da Nova Caledónia, num complexo hoteleiro a meio caminho entre a capital Nouméa e o aeroporto.

“Estamos prestes a ficar sem comida“, disse Maxwell Winchester, e “os funcionários do hotel estão a recorrer ao mercado negro para conseguir alguma coisa”.

Ele descreveu estradas bloqueadas, impedindo o abastecimento, e noites perturbadas por incêndios e o som de confrontos.

Os tumultos, que despoletaram após ter sido apresentado um novo projeto de lei adotado em Paris, que determina que residentes franceses que vivem no arquipélago há dez anos sejam autorizados a votar nas eleições locais, já fizeram cinco mortos.

Os líderes políticos locais, incluindo os defensores da independência, temem que as forças da Nova Caledónia fiquem enfraquecidas com a nova medida.

França prepara “grande operação”

O representante do Estado francês na Nova Caledónia, Louis Le Franc, saudou esta segunda-feira o sucesso de uma operação para recuperar o controlo de uma via que liga a capital do território ultramarino ao aeroporto. Le Franc disse que “quase 240 manifestantes” foram detidos desde o início da violência.

As autoridades francesas tinham anunciado no sábado à noite o envio de mais 600 efetivos das forças de segurança para a Nova Caledónia, a juntar a mais de 2.700 já presentes no arquipélago do Pacífico. O objetivo da operação é “recuperar o controlo total da estrada principal de 60 quilómetros entre [a capital] Numeá e o aeroporto”, bem como “restabelecer a ordem republicana” na zona, diz o ministro do Interior Francês, Géral Darmanin, que fala numa “grande operação”.

O Presidente francês Emmanuel Macron convocou uma nova reunião do conselho de defesa e segurança nacional para esta segunda-feira, às 18h30, em Paris (17h30 em Lisboa).

A Nova Caledónia rejeitou ser independente de França, em 2018. Mais de 56% dos eleitores votaram contra a independência. “É um imenso orgulho que tenhamos vivido juntos esta etapa histórica”, reagia na altura o presidente francês.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. O povo declarou-se maioritariamente contra a independência.
    Como tal, resta à polícia reprimiu os desordeiros.

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