Pedro Nuno admite erro no Parlamento. Tinha o microfone desligado, mas Montenegro ouviu

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José Sena Goulão / LUSA

Pedro Nuno Santos interrompido na sessão plenária de discussão do programa de Governo

Segundo episódio mais “quente” no debate quinzenal com o primeiro-ministro. Líder do PS ainda tentou desviar-se, mas Montenegro esclareceu.

O debate quinzenal com o primeiro-ministro, realizado nesta quinta-feira, teve dois momentos peculiares: no primeiro houve “aqueles” e “nazis”; no segundo o primeiro-ministro disse com o microfone ligado o que o líder da oposição tinha dito com o microfone desligado.

Voltou a ser assunto o facto de haver medidas que o Governo não queria, mas que a oposição em bloco aprovou; os entraves apresentados pelo PS ao Governo; e também se falou sobre alegadas intenções de novas eleições antecipadas.

Luís Montenegro lançou o mote: “Nós já sabemos que, se o Partido Socialista inviabilizar este Governo, é porque quer governar“.

Lembrou a descida do IRS rejeitada pelo PS, que “governou a partir da Assembleia da República a política fiscal ao lado do Chega, fazendo o mesmo no caso das portagens, do IVA na electricidade”.

“E está no direito de fazer isso. E pode querer fazê-lo para governar o país! O que não pode é dizer que tem esta disponibilidade (para aprovar o Orçamento do Estado para 2025) e depois arranjar dois pretextos que são isso mesmo: pretextos”, continuou o primeiro-ministro.

Montenegro falava das mexidas no IRS Jovem e no IRC, que o PS rejeita: “Se fossem medidas tão cruciais como o PS diz, e como resposta à postura de lealdade e frontalidade, o PS teria dito que aprovaria uma moção de rejeição a um programa que tenha a descida do IRC e do IRS, como o Governo a defende“.

“Se isso é âncora, o melhor era o Governo não ter começado“, alegou o primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos reagiu neste momento: “Cometemos um erro” – disse, com o microfone desligado.

Mas o primeiro-ministro ouviu: “Não, não cometeu um erro! Ouviu bem os discursos da tomada de posse e da discussão do programa do Governo”.

E, logo a seguir, um desafio: “Mas se quiser assumir que foi um erro, então assuma na plenitude e diga assim ao país: ‘Eu prefiro ir para eleições para clarificarmos esta situação porque lá atrás cometi um erro'”.

Depois, Montenegro esclareceu os deputados (e o país), ao dizer com o microfone ligado o que o líder da oposição tinha dito com o microfone desligado: “Pedro Nuno Santos disse que o PS cometeu um erro ao deixar viabilizar o programa do Governo. E é isso que vai ter de dizer ao país, se não quiser viabilizar o Orçamento do Estado”.

Luís Montenegro aproveitou este desabafo de Pedro Nuno para voltar a falar em eleições: “Se o PS afirmar em voz alta o que disse há pouco em voz baixa – que errou ao permitir que este Governo iniciasse funções – então o que o PS está a dizer é que, ao contrário do Governo, do PSD e do CDS, que não queremos objectivamente eleições, o PS, sabe-se lá porquê, parece que quer mesmo eleições. Eu não quero acreditar nisso”.

Com um rosto visivelmente incomodado, e aguentando um longo aplauso de pé dos deputados de PSD e CDS, Pedro Nuno Santos pediu uma interpelação à mesa.

O líder do PS disse que foi mal interpretado: “Deixámos claro, desde a primeira hora, que não viabilizamos um programa do Governo: nós chumbámos uma moção de censura. Tal como chumbaríamos uma moção de confiança. Nunca demos o ‘ok’ ao programa do Governo, ou à substância do Governo”.

Montenegro também pediu uma interpelação à mesa para corrigir Pedro Nuno Santos: “Não houve uma moção de censura; houve uma moção de rejeição do programa do Governo“.

E isso faz toda a diferença, alertou o primeiro-ministro: “Uma moção de censura apresenta-se face à execução de um programa; uma moção de rejeição apresenta-se como um elemento para não dar ao Governo a capacidade plena para governar”.

O primeiro-ministro tem razão: uma moção de censura, mencionada pelo líder do PS, é apresentada já durante a execução do programa do Governo, explica o Parlamento; uma moção de rejeição, como o próprio nome diz, é apresentada no início do mandato, para decidir se o programa do Governo vai ser rejeitado. E foi perante moções de rejeição que o PS se absteve, em Abril deste ano.

Pedro Nuno Santos não pediu nova interpelação à mesa. Não se voltou a falar sobre o assunto. Para já.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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2 Comments

  1. O Conde Dracula Montenegro, náo de um chicão-esperto , malabarista dos discursos, enrredos, é um exemplo do Caifás acusa os outros com desculpas e cenarios de Papoes e Desgraças.
    Este PS2 é uma copia do PREC do Vasco Gonçalves.
    Antes era o “Não, é não” agora é “Seim, porque sim” e se voces não quiserem não brinco mais com os meninos feios.

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  2. Este Santos comandante do PS é na verdade muito fraquito. O PS não terá lá gente com outra capacidade? Se não tem, mal vai. O partido está a atravessar uma crise de valores. Este Pedro Santos parece um puto de essência balofa. Por isso é que cometeu aquelas calinadas como ministro e cabou por se pôr ao fesco.

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