Hezbollah lançou o seu ataque mais profundo em Israel (com a sede da Mossad na mira)

ATEF SAFADI/EPA

O sistema de defesa aérea israelita “Iron Dome” intercepta mísseis disparados do sul do Líbano sobre a cidade de Safed, na Alta Galileia, no norte de Israel, esta terça-feira.

Sirenes antiaéreas soaram na capital israelita. Hezbollah disparou “cerca de 300 foguetes” contra os arredores de Telavive, um dia depois do maior ataque em 18 anos de Israel ao Líbano. Israel acusado de querer a guerra total.

O movimento xiita libanês Hezbollah, alvo de ataques de Israel no Líbano, afirmou ter disparado um míssil balístico contra a sede da Mossad, os serviços secretos exteriores israelitas.

“A resistência islâmica lançou um míssil balístico Qader 1 às 06:30 [04:30 em Lisboa] hoje (…) visando a sede da Mossad nos arredores de Telavive“, declarou o Hezbollah, em comunicado.

O exército israelita ainda não confirmou este anúncio. Antes, Israel anunciou ter identificado e intercetado um míssil terra-terra, lançado a partir do Líbano. Sirenes antiaéreas soaram na capital israelita.

O Hezbollah confirmou também que um dos chefes militares, Ibrahim Mohammed Kobeissi, morreu na terça-feira, nos subúrbios do sul de Beirute, num bombardeamento israelita que causou um total de seis mortos e 15 feridos, indicou o Ministério da Saúde libanês. O exército israelita tinha já afirmado “ter eliminado” este “comandante da rede de mísseis e foguetes do Hezbollah” e “pelo menos dois” outros comandantes no mesmo ataque.

Em resposta, o Hezbollah disparou “cerca de 300 foguetes” contra o território israelita, “ferindo seis civis e soldados, a maioria dos quais ligeiramente”, disse o exército israelita.

O Hezbollah diz ainda ter atingido base militar israelita em Safed. Reivindicou a responsabilidade por 18 ataques, incluindo contra o quartel-general do comando norte do exército israelita perto da cidade israelita e ainda uma base naval a sul de Haifa, principal porto do norte.

Este ataque acontece apenas um dia depois do maior ataque de Israel no Líbano em 18 anos, que fez mais de 500 mortos e obrigou a milhares de pessoas evacuadas no país.

Crê-se que este tenha sido o ataque mais profundo contra Israel por parte do grupo xiita libanês, em resposta à “guerra total” ali provocada por Israel.

Netanyahu garantiu que Israel vai continuar a atacar o Hezbollah no Líbano, enquanto o ministro da Defesa israelita acusa o português António Guterres, secretário-geral da ONU, de falta de ação para prevenir ataques do Hezbollah.

Os bombardeamentos israelitas no Líbano prosseguem, pelo quarto dia consecutivo, provocando a fuga de milhares de pessoas do sul do país, numa altura em que a comunidade internacional tenta evitar um conflito regional.

Nos últimos dias, o Exército israelita levou a cabo ataques em vários pontos do sul e leste do Líbano, e também na capital, Beirute, nos quais foram mortas cerca de 600 pessoas e mais de mil ficaram feridas. As autoridades israelitas garantiram ter eliminado vários comandantes do Hezbollah.

Esta nova fase do conflito, de aumento dramático de tensões entre Israel e o Hezbollah, foi desencadeada por dois dias de explosões simultâneas dos dispositivos de comunicação do grupo, primeiro ‘pagers’, depois ‘walkie-talkies’ – a 17 e 18 de setembro -, ataques atribuídos a Israel que fizeram cerca de 40 mortos e de 3.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço divulgado pelas autoridades libanesas.

Há mais de 11 meses que as forças israelitas e o Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel, nos piores confrontos desde a guerra de 2006, que se intensificaram fortemente este verão, após um ataque da milícia pró-iraniana que matou 12 crianças nos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1967.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de urgência na quarta-feira para discutir a situação no Líbano. Iraque, Jordânia e Egito acusaram Israel de querer a guerra total.

ZAP // Lusa

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