A parentalidade de helicóptero é um estilo superprotetor e muito envolvente, em que os pais querem ter mão em todos os aspetos da vida dos seus filhos. O que deve mudar?
Tal como um helicóptero é capaz voar por cima de nós e supervisionar-nos de forma meticulosa, há pais que são obcecados no controlo dos filhos.
Vulgarmente conhecida como parentalidade helicóptero, este método pode parecer benéfico inicialmente, mas a longo prazo pode ter graves consequências, com reflexo no desenvolvimento das crianças.
Este conceito foi primeiramente identificado por Haim Ginott no seu livro “Between Parent and Teenager” de 1969, onde um adolescente descrevia a vigilância constante da mãe.
A psicóloga Michelle M. Reynolds explica, à Parents, que este tipo de pais tendem a “microgerir” as atividades dos filhos, intervindo frequentemente de forma a facilitar os desafios que as crianças enfrentam.
“Estes pais tendem a ser superprotectores e a preocupar-se excessivamente com os filhos. Muitas vezes, microgerem os horários dos filhos e intervêm frequentemente para tornar as coisas mais fáceis para os seus filhos”, aponta.
Embora a intenção seja proteger e contribuir para o sucesso dos filhos, este envolvimento excessivo pode acabar por prejudicar a saúde mental da criança, diminuir a autoestima e inibir o desenvolvimento de habilidades importantes.
À mesma revista, Ann Dunnewold, outra especialista, descreve a parentalidade de helicóptero como um exagero, onde o controlo e a proteção excedem os limites de uma parentalidade saudável e responsável.
A WebMD fez uma lista de sete características dos pais helicóptero:
- Entram diretamente nas “lutas” dos filhos
- Fazem-lhes os trabalhos da escola
- São os “treinadores” dos treinadores dos filhos
- Controlam excessivamente a vida das crianças
- São “empregado doméstico” dos filhos
- São demasiado protetores/cautelosos
- Não deixam que as crianças falhem
Equilíbrio é a chave
Ainda assim, os especialistas reconhecem que também há aspetos positivos na parentalidade helicóptero.
Os filhos deste tipo de pais frequentemente são responsáveis, pontuais e não se sentem negligenciados, tendo apoio em vários aspetos importantes da vida.
Quanto aos pais, geralmente estão bem informados sobre os amigos, o desempenho escolar dos filhos, e prontos para intervir em caso de dificuldades académicas ou pessoais.
Para evitar os aspetos negativos deste estilo parental, a Parents destaca que é fundamental que os pais permitam que os filhos enfrentem desafios, lidem com as próprias frustrações e aprendam com falhas.
À mesma revista, a especialista Deborah Gilboa diz que a chave é o equilíbrio entre o envolvimento e o espaço necessário para que as crianças cresçam, aprendam novas habilidades e recuperem do fracasso de forma independente.
É essencial construir crianças resilientes e autoconfiantes para o futuro.
“Lembrarmo-nos de procurar oportunidades para dar um passo atrás na resolução dos problemas dos nossos filhos ajudar-nos-á a construir as crianças resilientes e autoconfiantes de que precisamos”, afirmou Deborah Gilboa.