Há muitos estudos que sugerem que o medo da morte está no centro inconsciente do ser Humano. Mas, um novo estudo mostra que as pessoas que se aproximam da morte usa linguagem mais positiva.
Um novo estudo, publicado na Psychological Science, diz que as pessoas que estão mais perto da morte têm uma abordagem mais positiva para descrever a sua experiência, do que aquelas que apenas imaginam a morte.
Isto sugere que a experiência de morrer é mais agradável — ou, pelo menos, menos desagradável — do que imaginamos.
Em entrevista à BBC, Simon Boas, antigo trabalhador humanitário — que morreu aos 47 anos, vítima de cancro —, partilhou algumas das ideias que o ajudaram a aceitar a sua situação. Mencionou a importância de aproveitar a vida e de dar prioridade às experiências significativas, sugerindo que o reconhecimento da morte pode aumentar o nosso apreço pela vida.
“A minha dor está sob controlo e estou terrivelmente feliz — parece estranho dizer isto, mas estou tão feliz como nunca estive na minha vida”, foi uma das afirmações de Boas.
Apesar da dor e das dificuldades, Boas parecia alegre, esperando que a sua atitude apoiasse a sua esposa e os seus pais durante os tempos difíceis que se avizinhavam.
As palavras de Boas vão ao encontro de Séneca, filósofo romano, que disse que “ter vivido o suficiente não depende nem dos nossos anos, nem dos nossos dias, mas das nossas mentes”.
Em dois estudos recentes, publicados na Palliative and Supportive Care [estudo 1] e no American Journal of Hospice and Palliative Carea [estudo 2], perguntou-se às pessoas que se aproximavam da morte o que constituía para elas a felicidade.
Em ambos os estudos, os temas comuns foram as ligações sociais, o desfrutar de prazeres simples, como a natureza, uma mentalidade positiva e uma mudança geral de foco da procura de prazer para a procura de significado e realização à medida que a doença progredia.
Mattias Tranberg, psicólogo clínico da Lund University, diz que numa sessão com um paciente terminal, lhe perguntou quais eram as suas preocupações e ele respondeu: o facto de não poder festejar o meu aniversário no próximo mês”.
De acordo com o Study Finds, o psicólogo conta que ficaram “sentados em silêncio durante algum tempo e analisámos a situação”. Não era o momento da morte em si que lhe pesava mais, eram todas as coisas que não poderia voltar a fazer“.
Na última consulta que tiveram, o paciente chegou de cadeira de rodas. Mas, havia mais uma coisa que ele queria fazer. “Se, por milagre, conseguisse sair daqui vivo, gostaria de ser voluntário em serviços de assistência doméstica — um ou dois turnos por semana”.
“Trabalham muito e às vezes é uma loucura, mas dão um contributo incrível. Sem elas, eu não teria conseguido sair do apartamento”.
Tranberg diz que a sua experiência com doentes — potencialmente — terminais mostra que é possível sentir felicidade e tristeza, bem como outras emoções aparentemente contraditórias.
Ao longo do dia, os doentes podem sentir gratidão, remorsos, saudade, raiva, culpa e alívio — por vezes tudo ao mesmo tempo. Enfrentar os limites da existência pode acrescentar perspetiva e ajudar uma pessoa a apreciar a vida mais do que nunca.
Já o Steve Jobs disse no seu discurso na Universidade de Stanford “Quase tudo. Todas as expectativas externas, o orgulho, o medo de falhar e de ficar embaraçado. Estas coisas desaparecem perante a morte, deixando apenas o que é realmente importante. Lembrares-te de que vais morrer, é a melhor maneira que conheço para evitar a armadilha de pensar que tenho algo a perder.”