A floresta do centro de Portugal é uma das três principais florestas europeias que tem emitido mais gases com efeito de estufa do que absorvido.
Nos últimos 20 anos, três grandes áreas florestais europeias, incluindo a região centro de Portugal, têm emitido mais gases com efeito de estufa do que absorvido.
Uma investigação recente, apoiada pelo Journalismfund.eu, relata as causas que transformaram essas florestas em fontes de emissões. Para além da floresta portuguesa, o relatório destaca ainda a floresta de Landes, em França, e a floresta de de Harz, na Alemanha, aponta o Público.
A investigação destaca a monocultura intensiva como um fator comum nas três florestas europeias analisadas: eucalipto em Portugal, pinheiros-bravos em Les Landes, França, e abetos na floresta do Harz, Alemanha. A monocultura reduz a biodiversidade e está associada a uma gestão florestal que prioriza interesses económicos em detrimento dos ambientais.
Em Portugal, a monocultura de eucalipto, essencial para a indústria da pasta de papel, é um tema de intenso debate. Em 2018, especialistas americanos em incêndios florestais alertaram para a necessidade de reformas profundas na gestão florestal portuguesa. Segundo o relatório, 80% da floresta do país não era gerida adequadamente, contribuindo para a criação de vastas áreas de monocultura, altamente inflamáveis.
Os incêndios de grandes proporções, como os de 2003, 2005, 2013, 2016 e 2017, têm transformado a floresta portuguesa de sumidouro em emissora de carbono. Em Portugal, 97% da floresta está em mãos privadas, e muitos proprietários optam por espécies de crescimento rápido, como o eucalipto, devido à falta de perspetivas de longo prazo.
A União Europeia, ao elaborar a nova estratégia florestal 2021-2030, baseada no Pacto Ecológico Europeu, visa melhorar a quantidade e qualidade das florestas, tornando-as resilientes às alterações climáticas. A meta é alcançar a neutralidade carbónica até 2050 e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030.
Os incêndios florestais, cada vez mais frequentes e devastadores, são um dos principais fatores responsáveis pela deterioração das florestas europeias. Com as alterações climáticas, os incêndios já começam a ocorrer em regiões antes consideradas seguras, como a Alemanha.