Um estudo divulgado hoje (29) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) mostra que há mais crianças sírias refugiadas do que na escola. O trabalho refere-se à situação dessas crianças no Líbano e na Jordânia, principais receptores de deslocados do país.
De acordo com o estudo “O Futuro da Síria – Crianças Refugiadas em Crise“, há cerca de 1,1 milhão de crianças refugiadas, 52% do total de deslocados pelos conflitos, dos quais mais da metade não estão matriculadas em nenhuma instituição de ensino.
Os dados do levantamento mostram ainda que mais de 3,7 mil crianças vivem, de modo geral, em situação de stress psicológico, separadas de seus pais e envolvidas em trabalho ilegal. Segundo a organização, há mais de 70 mil famílias sírias refugiadas desde o início dos conflitos no país, em março de 2011.
“Se não agirmos rapidamente, uma geração de inocentes se tornará a última vítima de uma guerra terrível”, disse o alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.
Os países com a maior quantidade de crianças sírias refugiadas são o Líbano (385 mil), a Turquia (294,3 mil), a Jordânia (291,2 mil), o Iraque (77,1 mil) e o Egito (56,1 mil).
“Crianças de quatro ou cinco anos desenharam imagens de foguetes, armas, sangue e de casas sendo destruídas. Outras mostraram o desejo de ir para casa, em desenhos com mensagens como ‘Eu Amo a Síria‘”, informou o estudo.
Para elaborar o documento, os investigadores ouviram relatos de crianças refugiadas e de menores em treino para combate. De acordo com o estudo, 29% das crianças entrevistadas relataram que saem de casa uma vez por semana ou menos.
Como forma de mitigar a situação, o ACNUR pede que as pessoas façam doações, compartilhem nas redes sociais informações sobre o conflito e, se possível, enviem mensagens às crianças por meio da instituição.
Desde o inícios dos conflitos no país, a ONU estima que mais de 115 mil pessoas tenham sido mortas. Um relatório divulgado pelo think-tank britânico Oxford Research Group informou que mais de 11 mil crianças e adolescentes foram mortos no conflito sírio, 128 vítimas de armas químicas e 389 de atiradores furtivos.
Nos últimos meses, o governo sírio admitiu que há escassez de medicamentos. Um surto de poliomielite foi comprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
ZAP / MA / ABr