A antiga apresentadora Ana Lúcia Matos já não vai ser julgada. Processo está suspenso durante dois anos. Cem mil euros numa conta arrestada e joias apreendidas ficam para o Estado.
O Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, aceitou a suspensão provisória, durante dois anos, do processo em que Ana Lúcia Matos estava acusada de branqueamento de capitais num processo de fuga ao IVA.
Segundo o Correio da Manhã, a antiga apresentadora perde para o Estado cerca de 100 mil euros que estavam numa conta arrestada e ainda joias que tinham sido apreendidas.
O juiz do TCIC levou em consideração o facto de a antiga apresentadora de televisão e ex-modelo não ter ajudado a cometer a fraude em si e não ter antecedentes criminais.
Os dois filhos menores que tem a seu cargo pesaram também na decisão de suspensão provisória do processo por dois anos, durante os quais não pode cometer qualquer crime.
Ana Lúcia Matos foi detida e acusada de um crime de branqueamento de capitais no âmbito da “Operação Admiral”, que envolve a maior fraude em carrossel já investigada na União Europeia.
O marido da ex-apresentadora, Max Cardoso, foi acusado de 15 crimes, incluindo fraude fiscal, associação criminosa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
O juiz de instrução tinha já decidido num primeiro momento separar o processo de Ana Lúcia Matos do inquérito principal, com base no facto de a ex-modelo não ter estado diretamente envolvida na fraude.
A Procuradoria Europeia, no Porto, sustentava no entanto na acusação que a antiga apresentadora tinha ajudado a lavar dinheiro dos crimes através da conta bancária, diz o CM.
Max Cardoso que está em prisão preventiva a aguardar julgamento, é considerado um dos cabecilhas da rede criminosa investigada na “Operação Admiral”. Há outras 10 pessoas e 15 empresas que também estão acusadas em Portugal.
A fraude em carrossel envolve vários países, incluindo, além de Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Grécia, Hungria, Itália, Chipre, Eslováquia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos e Roménia.
O esquema terá sido usado entre 2016 e 2022 a nível europeu, passando pela fuga aos impostos, designadamente ao pagamento do IVA, através da venda de telemóveis e de outros materiais informáticos.
Ana Lúcia Matos e o marido mantinham uma vida de luxo que incluía viagens a destinos paradisíacos, carros e moradias de luxo – tudo isto divulgado ao mundo através do Instagram da ex-apresentadora. Estas benesses terão sido pagas com o esquema de fraude com o IVA, de acordo com a acusação.
O esquema terá rendido 80 milhões de euros só em Portugal, mais 2,2 mil milhões de euros a nível da UE, segundo números citados pelo CM.
A ex-apresentadora garantiu aos investigadores do processo a sua inocência, frisando que não conhecia o esquema do marido.