Banco confirmou que recebeu uma petição de ativistas, mas não comentou o estado da conta do AfD derrubada pelas avozinhas alemãs e alega “neutralidade”. O link no site do partido de extrema-direita que direcionava os apoiantes para doações estava inacessível.
Ativistas da ONG Omas gegen Rechts (Avós contra a extrema-direita, em tradução livre) conseguiram tirar do ar, esta quarta-feira, a conta usada pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) para receber doações de apoiantes.
Segundo a imprensa alemã, a suspensão deu-se após o grupo enviar uma petição online assinada por 33 mil pessoas ao banco Berliner Volksbank.
O jornal alemão Taz foi o primeiro a noticiar o facto, sendo seguido depois por outros meios na quinta-feira. O banco confirmou que recebeu a petição e encontrou-se com os ativistas, mas não comentou qual o estado da conta devido às regras de sigilo bancário, e recusou-se a negar o encerramento da conta.
Link não disponível
Apesar de a instituição financeira não confirmar a queda da conta, na quinta-feira, um link no site da AfD que direcionava os apoiantes para a conta de doações já não estava disponível.
Doações por outros métodos continuavam a ser possíveis, no entanto.
“Já que entregámos a petição, supomos que já não existem relações comerciais entre a AfD e o Berliner Volksbank”, afirmou o Omas gegen Rechts nas redes sociais. No post, a organização também agradeceu ao banco berlinense e aos peticionários pela “vitória”.
Porém, segundo a agência alemã de notícias DPA, as transferências para o banco ainda eram possíveis durante um período de transição em que a conta continuaria acessível.
Omas gegen Rechts é uma plataforma da sociedade civil fundada no Facebook em novembro de 2017 por Monika Salzer. A organização, que milita contra o extremismo de direita, opera em toda a Alemanha e acumula dezenas de milhares de seguidores nas suas contas de TikTok e Instagram.
Ascensão da AfD enfrenta oposição
No início do ano, o Berliner Volksbank alegou seguir o “princípio da neutralidade política” ao justificar ter a AfD entre os seus clientes. A instituição diz orientar-se por legislações que garantem a igualdade de tratamento para todos os clientes bancários.
Segundo um funcionário do banco, “isso também se aplica aos partidos políticos que são democraticamente legitimados em eleições livres e representados nos parlamentos alemães”.
Pesquisas de opinião mostram que a AfD está atualmente no seu melhor momento, sendo especialmente popular nos estados do leste da Alemanha. Nas eleições para o Parlamento Europeu, no mês passado, o partido elegeu a segunda maior bancada, com 15,9% dos votos.
O receio de um ressurgimento da extrema-direita tem levado milhares de pessoas a manifestarem-se frequentemente contra o partido, e o Omas gegen Rechts faz parte desse movimento.
ZAP // DW